Nampula (IKWELI) – A Organização Nacional de Professores (ONP), através do comité distrital da Mulher, Professor Jovem da província de Nampula, região norte de Moçambique, conseguiu resgatar cerca de 12 mulheres que se encontravam em situação de Violência Baseada no Género (VBG), durante o ano 2024.
Em entrevista ao Ikweli, a Coordenadora do Comité, Marta Sualehe, fez saber que tal feito foi graças aos clubes de palestras relacionadas com o assédio sexual e violência realizadas a nível das comunidades.
“Conseguimos notar que as palestras estão a surtir um efeito muito positivo, conseguimos responder pontualmente à uma situação de violação de uma miúda que teria sido feita na sociedade e foi possível solucionar. Só para ter uma ideia em 2024 conseguimos salvar 12 mulheres que passaram por essa situação.”
A fonte explicou que através das palestras algumas raparigas aproximaram-se junto ao grupo para denunciar um caso que estejam a sofrer. Um passo que considera positivo, pois entende que as pessoas estão cada vez mais abertas a expor casos de género.
“Tivemos situações de meninas violentadas, mas que os pais não avançaram com as queixas por medo de represálias. Sentimos que com as palestras que fomos fazendo ao nível do distrito as pessoas passaram a abrir-se, aquela tendência de passar por uma situação e ter medo de falar por conta do preconceito da sociedade ou medo do próprio violador está a reduzir.”
Por outro lado, Sualehe mostrou sua preocupação quanto aos casos de assédio sexual que tem ocorrido no sector de educação, sobretudo por parte dos gestores escolares para com professoras/es ou então dos próprios professores para os alunos.
Sem avançar dados, a coordenadora do comité da mulher revelou haver situações em que várias professoras optaram pela transferência devido ao assédio sexual.
“Tratando-se de uma matéria muito sensível não poderei divulgar dados, porque são dados muito fortes e confidências. Mas posso afirmar que há casos de professoras que se sentem obrigadas a pedir transferência de uma escola porque não querem se submeter a essas situações, e o que nós sugerimos é a partilha desses casos para que possamos trabalhar com essas direções.”
Sualehe apela a sociedade a dar um “basta nos casos de assédio sexual e violência. Em algum momento, essa atitude tem tido sinais e nós ignoramos, é necessário passarmos a prestar atenção em alguns sinais, porque são situações que estragam a vida das pessoas e deixam marcas.” (Ângela da Fonseca)