Prevalecem partos não institucionais em Nampula

Nampula (IKWELI) – Os partos não institucionais, assim denominados por ocorrerem fora das unidades sanitárias e muitas vezes sem assistência de profissionais de saúde, continuam prevalecentes em muitas comunidades da capital do Norte, resultando muitas vezes em diversas complicações na saúde da mãe e do bebé e até na morte de ambos.
Segundo dados dos Serviços Provinciais de Saúde (SPS) em Nampula, o número de partos não institucionais aumentou em 16%, saindo dos anteriores 1580, correspondentes ao ano 2024, aos actuais 1827, em 2025. Significando igualmente uma redução de partos institucionais, saindo dos anteriores 77 858 em 2024, para os actuais 65 226 no presente ano.
Sobre as causas e prevalência dos partos não institucionais, vários são os factores, dentre os quais a falta de unidades sanitárias nas zonas rurais, a distância ou aspectos socioculturais e condições das infraestruturas, como vias de acesso.

A nossa equipa de reportagem deslocou-se aos bairros de Nivitha, Niarro e Nahene para entender como as mulheres destas circunscrições têm feito para ter assistência médica durante os trabalhos de parto, visto que muitas delas são obrigadas a percorrer mais de 10 km para acederem aos centros de saúde.
No bairro de Nahene, com mais de 5.550 habitantes e uma distância de 10 km do centro urbano, encontramos a dona Sabina Leopoldo, de 32 anos de idade, natural de Namialo, mãe de seis (6) filhos, entre eles quatro meninas e dois rapazes. Dona Sabina emociona-se, ao lembrar das três gestações em que teve que que dar à luz sozinha devido a distância de mais de 8 km que seria obrigada a percorrer até a unidade sanitária.
“Primeiro ponto faço partos em casa porque não tenho família por perto, segundo ponto aqui é longe e no mato, terceiro ponto, quando estou para entrar em serviço de parto não demoro ter criança, basta eu sentir uma dor de barriga, já sei que não é dor de barriga normal. Então se eu gingar muito ou me fazer de ir para o hospital, daqui para mercadinho sou capaz de ter bebé pelo caminho, e passarei uma grande vergonha,” contou.
A nossa interlocutora revela, igualmente, que num dos primeiros partos que fez sozinha, recebeu orientações da parte de uma senhora para que o seu bebé não fosse prejudicado, daí que normalizou a prática. “Quando eu vivia em Namicopo, um dia estava a entrar em trabalho de parto, depois de nascer a criança lhe cobri com capulana, depois de um tempo veio o meu marido, ele ouviu choros de uma criança lá dentro, ele foi na casa vizinha, chamou uma velha, quando a velha chegou, olhou para a criança e disse-me, no dia que tiveres outro filho, tens que fazer da seguinte forma […] só depois de fazer isso é que podes lhe cobrir, então a partir desse dia até hoje só faço daquela forma como fui explicada por aquela velha.”

Défice de serviços de transporte e vias de acesso contribui para prevalência de partos não institucionais

Histórias como da Sabina não são isoladas, ainda no bairro de Nahene, encontramos Atija Selemane, de 42 anos de idade, natural da Ilha de Moçambique, mãe de 5 filhos.

A senhora Atija conta a triste história da sua cunhada que, contra o seu plano, foi obrigada a dar à luz na rua devido a dificuldade para tomar um transporte até ao centro de saúde, expondo a si e o seu bebé a diversos perigos.
“Minha cunhada teve bebés duas vezes na estrada, a primeira vez teve bebé nas montanhas, quando estava em direção ao centro de saúde de Mutava Rex. A segunda vez teve bebé no mercado do nosso bairro aqui em Nahene, no período das 17 horas. Quando ela começou a sentir dores de barriga, chamei um taxista de moto, mas o taxista cobrou-nos 700,00Mt (Setecentos Meticais) para hospital de Mutava Rex e ninguém tinha aquele valor, então começamos a caminhar em direção ao mercado do condomínio na esperança de apanhar chapa-100,” entretanto, a caminhada rumo ao centro de saúde terminou sem que ao menos tivessem feito metade do trajeto, dai que desejam que “se tivéssemos um hospital não importa se fosse de matope (Lama) ou não, ou mesmo essas brigadas móveis agradeceríamos, porque nós mulheres passamos mal com essa situação de nascer.”
Estas queixas e reclamações não são apenas das mulheres, na mesma circunscrição, encontramos o senhor Fernando Cipriano, usuário frequente da estrada de Nahene, via que dá acesso ao hospital 25 de setembro assim como ao hospital de Mutava Rex, o qual conta que a situação tem prejudicado muitas mulheres grávidas, sendo algumas obrigadas a arrendar residências quando se aproxima o dia do parto.
“uma vez levei uma mulher grávida, e por causa da descida e das covas que estão na estrada principal aumentava as dores que aquela senhora tinha, do nada a senhora pediu para descer da motorizada, e eu pensando que era para fazer necessidades, minutos depois ela chamou-me, pedindo que eu a ajudasse e que não sentisse receio de ajudá-la. Graças a Deus deu tudo certo e teve seu bebé. Apos alguns minutos, aquela senhora desmaiou, e num período em que muita gente não passava naquela via. Tive que amarar aquela senhora com uma borracha e embrulhei a criança com meu casaco uma vez que estava sem capulana e segui em direção ao centro de saúde de Mutava Rex,” lembrou com semblante entristecido.
Quem também compadeceu-se com a situação, é Manuel Modesto da Silva, jovem que descreve que para chegar ao centro de saúde as mulheres são obrigadas a enfrentar a passar por uma montanha. “Passamos mal com as nossas esposas, para fugir desta estrada as pessoas precisam passar atrás da montanha que acaba aumentando mais a distância. A situação fica mais perigosa de noite, com doentes a atravessar riachos nessa época chuvosa, situação que é mais perigosa.”

Implicações Psicológicas


O momento do parto, é esperado com muita ansiedade e espectativa em especial para as mulheres e certamente dar à luz no cimo do monte, no mercado ou mesmo na estrada, não seria exatamente algo que a mulher gestante teria simpatia em viver. Dai que a nossa equipa de reportagem contactou a Psicóloga Clínica, Ofélia Agostinho Mafumo, afeta ao Centro de saúde de Rapale desde 2014, a qual explicou que um parto fora da unidade sanitária pode gerar vários traumas para a mulher.
“Quando acontecem esses casos, a mulher fica traumatizada, porque o parto não pode ser visto por outras pessoas ou familiares que não sejam adultos, porque isso acaba criando um transtorno ou trauma para aquela mulher, uma vez que ela foi vista por muitas pessoas que não deviam ter visto,” avançou Ofélia.

Devido a situação, a Psicóloga apela que as mulheres que tenham tido exposição durante o parto, procurem ajuda profissional.
“O aconselhamento que eu dou a essas mulheres que já tiveram partos ao longo das estradas é que ninguém pode carregar fardo sozinha, tudo o que terá acontecido contigo, e você sabe que não consegue digerir por mais que não seja com um psicólogo, ou que não seja com uma pessoa idónea, pode pedir suporte. Se por acaso não puder ser ajudada pode também procurar um profissional de saúde, porque todos temos um pouco de formação em psicologia, mas é necessário que a pessoa procure alguém para poder lhe ajudar a sair deste trauma, porque muita das vezes vai lhe incomodar, aquilo vai aparecer na mente como se estivesse a reviver aquele momento e depois vai lhe criar uma perturbação mental.”
Aquela profissional fez saber que a nível do Centro de Saúde de Rapale, vezes há que são levadas a cabo actividades de acompanhamento integrado das mulheres antes, durante e depois do parto, quer dentro ou fora da unidade sanitária.

“Nós temos feito palestras matinais para essas mulheres, temos também parteiras tradicionais que têm nos ajudado nas comunidades, que controlam as mulheres grávidas, que fazem acompanhamento e quando chega a vez de irem à unidade sanitária, pelo menos saem com aquela parteira tradicional que já tem um pouco de noção do parto e se por acaso essa mulher entrar em trabalho de parto pelo caminho, ela já sabe fazer o parto,” disse acrescentando que “temos activistas formados que falam sobre isso nas comunidades, e temos tido encontros com líderes comunitários a falar a cerca disso, a informar que as mulheres devem ter partos institucionais, que devem aproximar a unidade sanitária para poder ter um parto condigno e eficaz.”

Estereótipos culturais sobre parto institucionalizado

Como mencionado anteriormente, várias são as causas que levam à prevalência dos partos não institucionalizados, dentre as quais temos a distância das unidades sanitárias junto as comunidades, as vias de acesso, escassez de transporte, contudo, há outros factores de ordem sociocultural, crenças, hábitos e costumes nas comunidades de Nampula.


Ancha Rodrigues de 19 anos de idade, mãe de “primeira viagem”, residente no bairro Niarro, arredores da cidade de Nampula conta que quase não teria parto institucionalizado, por orientações da sua sogra, que na altura defendia que por questões tradicionais e familiares, a sua nora e filhas não podiam expôr suas partes diante de outros homens ou mulheres. Facto este que fez demorar sua ida ao Hospital, mas que no final, mesmo a revelia sua tia sua Tia e irmã mais velha levaram a unidade Sanitária.
“Eu já não suportava mais aquelas dores até o momento em que a minha tia e minha irmã mais velha me encontraram deitada e sem forças nem para caminhar, de imediato levaram-me para o centro de saúde de Niarro, chegamos lá no sábado no período das 18 horas, quase fiquei 3 horas de tempo sem ser atendida, mas tempos depois fui levada na ambulância em direção ao Hospital Central e lá tive parto cesariana uma vez que a minha barriga era de 7 meses, e tive uma menina no domingo as 00h.”
O preço da Ancha ter desacatado a ordem da sogra, foi perder o seu lar, pois o marido abandonou-a alegadamente porque não poderia ficar com uma mulher que não obedece a sua mãe “Depois de todo processo os médicos informaram-nos que iriam levar a criança para incubador, mas a minha sogra não aceitava que levassem a criança para incubadora. Chegando em casa depois de duas semanas meu marido acabou abandonando, ele alegava que não podia ficar com uma mulher que não obedecia a sua mãe e até hoje que a criança já tem 2 anos e 4 meses nunca mais quis saber de nós.”


Quem não teve a mesma sorte, foi Natalina André, de 22 anos de idade, mãe de 2 filhos, também residente no bairro de Niarro. Desta vez a defensora dos valores e costumes tradicionais em detrimento do atendimento hospitalar foi sua mãe, quem pediu que ela aguardasse algumas ervas que a ajudariam para que o parto fosse mais rápido.

“Meu primeiro parto tive em casa porque na minha tradição mulher quando está para ter bebé é dado um medicamento e não pode ir ao hospital sem antes fazer aquele banho ou mesmo tomar banho daquelas ervas. São essas ervas que facilitam a descida do bebé uma vez que introduzido o medicamento a criança não demora a sair e nesse dia eu tinha feito o banho, mas tinha de esperar minha mãe voltar da machamba onde ela tinha ido procurar ervas.”

O Trabalho das Matronas

No contexto do parto não institucionalizado, “as matronas ou parteiras tradicionais” desempenham um papel preponderante, visto que são elas que muitas vezes ajudam as mulheres a trazer o bebé ao novo mundo.
O Ikweli constatou que geralmente as matronas são mulheres anciãs com experiência em educação nos ritos de iniciação, vida marital, sexual e outros aspectos da convivência humana e têm sido o refúgio de muitas mulheres impedidas de aceder aos serviços institucionais devido a diversos factores.
Com 38 anos de idade, natural de Nacala e actualmente residente no Birro de Nahene, Angelina Eduardo é uma das matronas daquela zona residencial. Ela conta que muitas vezes recebe casos a altas horas da noite e até de madrugada. Sem os meios necessários, o atendimento é muito complicado, disse a parteira tradicional que teve registo de 10 partos em 2024, em diferentes pontos do bairro.
“Este trabalho comecei há 8 anos. O primeiro filho tive sozinha sem ajuda de ninguém. De lá pra cá tenho ajudado as mulheres nas comunidades, basta chegar a hora “H”, as famílias têm me solicitado,” disse dona Angelina, acrescentando que “Chegando lá, primeiro faço check-up, basta ver que está no ponto, peço para que algumas pessoas da família que se afastem do quarto e fique apenas a mãe da mulher. Falo para mulher não tirar muito ar para fora, assim que a cabeça da criança sair para fora, eu ajudo a puxar o bebé, termino de limpar o bebé e começo já a cuidar da própria mãe.”
Quando questionada sobre o material que tem usado para cortar o cordão umbilical assim como para higienizar o bebé e a mãe, dona Angelina respondeu nos seguintes termos “para cortar o cordão umbilical tenho usado casca de cana-de-açúcar e amaro o umbigo com um pano, pode ser da capulana da mãe ou mesmo aqueles panos de uniforme Escolar.” E acrescenta “Aqui na comunidade quando numa casa chupa-se cana-de-açúcar, aconselhamos as mulheres a guardarem aquela casca, a casca de cana-de-açúcar corta mais que a própria lâmina,” concluiu.


Do bairro de Niarro, que dista a 12 quilómetros do centro da cidade, com 1.820 habitantes, encontramos Angélica Juvêncio, de 47 anos de idade, mãe de 7 filhos. Dona Angélica é uma das 8 parteiras tradicionais que recebeu capacitação do programa de saúde que envolve organizações não-governamentais.


A matrona diz que o projecto ajudou a melhorar os conhecimentos de assistência às parturientes.


“Recebemos capacitação de como instruir as mulheres grávidas a não optarem por partos em casa, e aconselhamos elas a não faltar nas consultas pré-natais, aprendemos a controlar as mulheres nas comunidades. Por exemplo, se a mulher vive longe e a sua barriga estiver nos penúltimos meses para dar a luz, nós dirigimos elas à uma casa próxima da unidade sanitária, e para além da assistência as parturientes, fazemos palestras sobre a importância de partos institucionais, é um trabalho muito bom.”

O que dizem os profissionais de Saúde


Falando a nossa equipa de reportagem, o Médico Géneco-obstetra, Dinis Viegas Manuel, afecto ao Hospital Central de Nampula (HCN), começou por recordar que o parto não institucional, “é aquele que acontece fora da unidade sanitária, independentemente de quem tenha assistido o parto, se ele acontece fora da unidade sanitária é parto não institucional, ou seja, não foi numa instituição credenciada, não foi uma instituição com condições adequadas para garantir a segurança do parto.”
“O trabalho de parto é um momento dramático, o trabalho de parto tem várias fases, tem a primeira fase que nós chamamos de fase de dilatação e apagamento de colo, é o momento que o colo dilata, temos a segunda fase que é a fase de expulsão ou período expulsivo que é o período em que a mulher expulsa o bebé. Depois temos o terceiro período que é período de quitação, é o período em que a placenta sai, e depois temos o quarto período que é período de reconstituição fisiológica que a mulher se recompõe, que as condições fisiológicas voltam ao normal.

“ Todas essas fazes que falamos, precisam de um acompanhamento de um profissional treinado, mas a mais crítica delas é a fase pós-expulsão do bebé,” referiu Viegas Manuel.

No seu entender, os partos não institucionalizados constituem um risco de saúde para mãe bem como a vida do próprio bebé. “Por tanto, o terceiro período e o quarto essas são as fases mais críticas, são as fases em que as mortes mais acontecem, porque é o período em que há mais sangramento, há risco de sangramento depois que o bebé é expulso, pode ser que o bebé não saia, pode ser que o útero não se contraia, pode ser que haja uma grande laceração do canal no parto, pode ser que a cabeça do bebé depois ter ficado ali no ponto de saída e tenha provocado uma ferida entre a bexiga e a vagina. Tudo isso acontece no pós-parto e este período de reconstituição enológica é o período em que nós profissionais de saúde temos de manter maior vigilância, como disse, é o período em que tudo pode acontecer em termos de hemorragia, em termos de tensão alta, a mulher pode ter sangramento que lhe leva a morte,” explicou a fonte.
Falando sobre outras consequências e impactos do parto não institucionalizado, o Géneco-Obstetra destacou que em alguns, a mulher pode contrair a fistula obstétrica.
“Há Situações em que a mulher está em casa, está a ter um parto, o parto fica obstruído por muito tempo, a cabeça não está a sair, as vezes a cabeça pode chegar ali e não querer sair porque o motor está cansado, precisa ser auxiliado para a cabeça sair, isso tem que ser feito na unidade sanitária, porque a cabeça não deve ficar entre a bexiga e a vagina por muito tempo. Quando isso acontece, a cabeça fica ali a comprimir a bexiga naquele espaço que está a comprimir a bexiga e pode não receber sangue, o que vai provocar morte dos tecidos da bexiga logo depois aqueles tecidos vão cair, então vai se abrir ali um buraquinho, uma ferida, essa ferida vai deixar uma abertura que fará com que a urina que está na bexiga em vez de sair do canal próprio que é a uretra saia pela vagina, então é isso que chamamos de fístula obstétrica.”
Questionado sobre as crenças socioculturais, hábitos e costumes praticados nas comunidades, este chamou a atenção no sentido de se serem respeitados os aspectos culturais, desde que não coloquem em risco a integridade física e biológica da mulher “As comunidades não usam materiais esterilizados e os riscos de promover infeção são grandes. O material usado pode ser contaminado, é um material cheio de bactérias, o que vai acontecer é que a mulher vai desenvolver uma infeção dentro do útero, nós chamamos de Endometrite, e essa infeção dentro do útero pode se espalhar por toda pele, pode provocar uma peritonite pélvica e a posterior pode se espalhar por toda barriga e desenvolver uma peritonite generalizada e levar a disseminação de toxinas de bactéria no corpo da mulher e isso nós chamamos de septicémie.” Explicou o médico.

Governo cria casas de espera para albergar mulheres enquanto aguardam pelo dia “D”

O médico chefe do departamento de saúde publica a nível da direção provincial da saúde em Nampula, Jaime Miguel, explicou que há vários factores quem tem vindo a contribuir para o aumento de partos não institucionalizados, um dos quais esta ligado às manifestações pós-eleitorais que reduziram a escombros algumas unidades sanitárias.

“existem alguns desafios conjunturais, mas nós achamos que já estamos a ultrapassar, porém, com a situação que tivemos a nível da província em que algumas maternidade, algumas unidades sanitárias tiveram que ser encerradas de forma parcial por conta das manifestações pós-eleitorais bem como da onda de violência que em algum momento se confunde também com os resultados eleitorais e tivemos também vandalização de algumas unidades sanitárias por conta da cólera na província, tivemos nesse período 10 unidades sanitárias em alguns distritos que foram vandalizadas, algumas completa, outras parcialmente.”
Quando questionado sobre o plano de construção de unidades sanitárias próximo as comunidades para ajudar as mulheres gravidas de forma particular, aquele responsável respondeu nos seguintes termos “Todos nós gostaríamos de ter uma distribuição de unidades sanitárias de forma equitativa. As comunidades não podem percorrer a cima de 10 quilómetros para encontrar um hospital, mas infelizmente ainda temos distritos com esses desafios em que a população percorre muitos quilómetros para poder ir a uma unidade sanitária, isto é uma realidade.”
“Como estratégia nós criamos lá as casas da espera, que são algumas casas em que quando já estão no fim da gravidez vão pra lá e ficam em regime de internamento em que um técnico de saúde todos os dias faz uma avaliação para evitar com que tenha dor de parto numa noite em que está sozinha e as vezes não tem dinheiro para apanhar chapa para ir ao hospital. Sabemos que trabalho de parto é um assunto muito sério, por vezes as pessoas não conseguem ir ao hospital por conta da distância e acabam tendo parto a nível da comunidade,” esclareceu.
Jaime Miguel reconheceu o papel desempenhado pelas parteiras tradicionais, mas frisou que estas devem apenas dar aconselhamento as mulheres “Precisamos melhorar aquilo que são unidades sanitárias ao nível das comunidades, nós temos lá activistas e algumas parteiras tradicionais, as parteiras tradicionais não têm obrigação de assistir o parto na comunidade, a parteira tradicional só vai fazer acompanhamento e aconselhamento.”
“Toda intervenção feita por uma pessoa que não é formada é de risco porque a medicina é uma ciência, tudo que a gente faz na base de uma orientação científica, há pessoas que investigaram, tem lá eficiências científicas, e nós acompanhamos muitas delas. O trabalho de parto por norma em mulheres que já tiveram filhos, acontece em 8 ou 9 horas acontece, o que demora, é daquelas mulheres que nunca tiveram filhos, mas nunca acima de 24 horas,” acrescentou a fonte. (Atija Cha)

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