Nampula (IKWELI) – O Arcebispo metropolitano de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), dom Inácio Saure, defende que a negligência para com os pobres faz com que essa camada social continue a viver na miséria, sobretudo em tempos intempéries ou ciclones que têm desalojado milhares de pessoas.
Refugiando-se a sagrada escritura, o religioso disse que “não há maior amor do que dar a vida por um irmão”, daí que para ele a ajuda em tempos difíceis é essencial.
“Se a riqueza que Moçambique tem fosse justamente distribuída haveria mais condições de ajudar as pessoas a construir casas resilientes”, entende o arcebispo, afirmando que “para ajudar as pessoas que foram afectadas, temos que pautar pela solidariedade local, o tempo de pensar em doações do exterior já passou, vamos aprender a nos assumir, somos pobres, independentemente de ser católico, deve merecer a nossa atenção, mesmo que não sejam católicos, essas pessoas devem ser ajudadas a reconstruir a sua própria vida”.
Sobre os danos gerais das infraestruturas da igreja a nível da província, o religioso explicou que “ainda não temos muita informação, mas a verdade é que fomos acompanhando os acontecimentos e chamar atenção de todos para os possíveis estragos, que me parecem ser resultado da nossa fragilidade e da nossa vulnerabilidade, porque são construções precárias, então pessoalmente vivo com muita preocupação e com muita dor no coração com o facto de este ciclone ter tocado profundamente o país, particularmente a província de Nampula e mais concretamente na arquidiocese de Nampula. Neste preciso momento que estou a falar não consigo desde ontem comunicar com a equipa missionária que trabalha na paróquia de Corrane, que dista 50 quilómetros da cidade de Nampula, desde ontem não consegui comunicação telefónica nem com os padres, nem com as irmãs.”
“Por isso, até esse preciso momento ainda não temos notícias sobre os nossos irmãos de Corrane, como sabem, Corrane é aquele posto administrativo que acolhe maior campo de deslocados de guerra de Cabo Delegado e com aquela pequena ventania tinham sido assolados, quando passei por lá as casas aparentemente eram de construção um pouco resiliente, mas se houvesse ventos fortes, poderia criar estragos naquele local, por isso estou com muito receio da vida dos nossos irmãos naquele centro de reassentamento.”
O Clérigo lamentou, igualmente, a situação do distrito de Nacala, onde houve algumas infraestruturas da igreja destruídas pelo JUDE. “Deste lado, nós temos estragos a assinalar a partir do Santuário Maria Mãe do Redentor de Meconta, onde a igreja ficou com uma grande parte do teto fora, a residência dos padres, ontem e hoje estive com o reitor do santuário padre Salvador Bernardo António que disse que tem pessoas que estão acolhidas no salão paroquial e na escola, porque temos ali uma escola que é pública, mas a infra-estrutura é da igreja, portanto essa escola acolhe pessoas que ficaram sem casas e algumas famílias estão lá. Em Momola, por sua vez, 33 famílias estão acolhidas no edifício da igreja e também o pároco da paróquia de Malema, padre Carlos Constantino, assinalou que havia 53 (cinquenta e três) famílias que ficaram sem abrigo”. (Malito João)