Nampula (IKWELI) – A passagem da tempestade tropical severa JUDE pela província de Nampula, no norte de Moçambique, entre os dias 10 e 11 de Março corrente, provocou seis (6) vítimas mortais, para além de 16 que contraíram ferimentos dentre graves e ligeiros.
São dados preliminares apresentados pelas autoridades governamentais, no decurso de uma sessão do Comité Operativo de Emergência (COE) provincial realizado nesta quarta-feira (12) na cidade de Nampula.
Para além das vítimas mortais, os dados, mesmos que preliminares, referem que cerca de 100.000 (cem mil) pessoas pertencentes a cerca de 20.000 (vinte mil) famílias naquela parcela do país foram directamente afectadas, através da destruição de suas residências, bem como as áreas de produção agrícola.
6 mil quilómetros de estrada destruídas
Ainda no COE desta quarta-feira, as autoridades governamentais em Nampula estimaram que um total de 6000km (seis mil quilómetros) de estradas foram afectadas com a passagem da tempestade tropical JUDE que assolou a província mais populosa de Moçambique.
Das estradas afectadas, o destaque vai para a Estrada Nacional N1, nos troços Nampula-Namialo, Namialo-Namapa, R689 ligando os distritos de Monapo e Quixaxe, R689 que liga Naguema e Chocas Mar, R694 que liga Ribáuè e Lalaua, bem como R689 ligando os distritos de Nacala e Memba.
Essas destruições estão a impossibilitar a assistência humanitária das famílias afectadas, nos distritos da província.
A maior preocupação nesse cenário todo, é o facto de existirem pessoas sitiadas em pelo menos quatro comunidades localizadas nos distritos da Ilha de Moçambique e Angoche, as quais não têm qualquer comunicação com outras pessoas, o que remete a uma situação desoladora.
“Há dificuldades para se chegar aos distritos por conta dos cortes das estradas. E neste momento temos duas comunidades sitiadas na Ilha de Moçambique, e duas no distrito de Angoche”, informou Anacleta Botão, delegada provincial do INGD (Instituto Nacional de Gestão e Redução do Riscos de Desastres), em Nampula.
“Em Namialo há famílias aglomeradas e que precisam de apoio, mas as vias de acesso é o principal desafio para se fazer assistência às comunidades afectadas”, acrescentou a delegada do INGD que apresentou a informação sobre o impacto do ciclone JUDE na província de Nampula.
Luísa Meque, Presidente do INGD, que orientou a reunião do COE, não descartou a possibilidade de uso de meios aéreos para prover assistência humanitária para as famílias sitiadas, para além do uso de embarcações.
“O importante de tudo quando estivemos a discutir é, em coordenação com os nossos parceiros, com forme a apresentação que foi feita pela delegada provincial, activação do protocolo das acções antecipadas em Angoche e Mogincual, para dar melhor continuidade teríamos que formar as equipas multissectorial ao nível dos distritos e este exercício que fizemos aqui em termos de bens a serem alocados ao nível dos distritos, que também fizéssemos esforços ao nível dos distritos para ver como é que os distritos estão organizados”, começou por dizer Luísa Meque.
“Mas temos aqui um grande desafio que é também concluir com urgência o levantamento dos danos a nível dos distritos, vai ajudar-nos também o processo de assistência, que seja feita com maior sensibilidade. Por causa de algumas zonas que foram sitiadas teremos que mobilizar meios aéreos para acelerar o levantamento dos danos, também para darmos assistência as famílias que precisam desta assistência porque, de facto, segundo o relato de algumas zonas que não são acessíveis neste momento”, precisou a dirigente.
O evento contou com a presença, também, do Secretário de Estado na Província de Nampula, Plácido Pereira, Governador provincial, Eduardo Mariamo Abdula, directores provinciais, bem como os parceiros do governo.
O Governador de Nampula, Eduardo Mariamo Abdula, instou aos presentes para que as equipas a serem criadas fossem mais práticas com vista a socorrer as pessoas que muito precisam de apoio neste momento. (Constantino Henriques)