Centro Tecnológico de Namialo: Um monstro moderno, mas abandonado

Namialo (IKWELI) – A vila de Namialo no distrito de Meconta, na província de Nampula, tem a característica de dispor de um potencial enorme, desde o natural ao artificial. A zona é potencial em produção agrícola, mas também um importante entreposto comercial, por isso sempre beneficiou de investimentos de vulto, tanto públicos, assim como privados.

É em consideração a este potencial e a sua estratégica localização, que o governo de Nampula, tendo a Unidade de Coordenação para o Desenvolvimento Integrado de Nampula (UCODIN) na execução, que pensou-se em um Centro Tecnológico de Nampula (CTN), que tinha a missão de oferecer soluções sustentáveis e resilientes com recurso a matéria local.

O CTN chegou a funcionar, tanto é que, segundo Vicente Paulo, actualmente coordenador da UCODIN, mas que sempre esteve dentro deste projeto, “foi a quarta iniciativa africana em 2009, numa competição de todos países da África por causa da inovação na administração pública, está experiência foi classificada em quarto lugar (4°)”.

Paulo explica que “o que se pensou, e o que se desenhou foi que esse centro seria multifuncional. Tinha a componente de incubação de empresas, e começou com empresas ligadas ao ramo da construção”, onde para além da capacitação de Microempresas Rurais Associativas (MERA), produtores de material de construção, também capacitava-se artesãos que iam constituir microempresas para ampliação. “Então, essas empresas tinham uma dimensão económica, que depois temos um mapa que demonstra o tipo de rendimento que ia para as microempresas porque tinham a capacidade de recrutar mão-de-obra local para a produção de blocos e outros materiais”.

A segunda componente, segundo Vicente Paulo, que explicava o governador da província de Nampula, Eduardo Mariamo Abdula, que visitou o local nesta terça-feira (4), “era de facto o ensaio e a promoção de material local, incluindo os processos produtivos, então antes de esses novos edifícios já havia aqui protótipo de diferentes alternativas, desde a utilização do capim, estaca, material local, nestas e pedras, etc. E deixavam amostras para pessoas que viessem aqui no treino, amostra como é que se fazia o processo construtivo de uma palhota, usando capim, o nosso material local”.

“Mas depois tínhamos a secção seguinte, que era melhoramento dos materiais, e esse melhoramento dos materiais tinham duas secções: uma que era ver como é que o adobe, o chamado bloco burro se enriquece com a fibra de vegetais, que dava uma certa resistência, incluindo a produção de telha fibrocimento que era para a cobertura em algumas casas, têm aqui as amostras. Depois tínhamos o avanço da própria construção em que fosse possível também ver como se tratavam os aspectos de conservação e proteção das paredes contras termites e outros insectos que invadem muitas vezes os blocos se eles forem frágeis, então a resina da castanha era utilizada para fazer a proteção das paredes e tornavam elas mais fortes do que o que temos actualmente. No centro de pesquisa, foi associado com a Universidade Lúrio, que é uma universidade que começou com este processo de ligação com as questões locais, desde aquela questão do amendoim em Nametil, que passou a ser exportado para Europa, mas houve aquela iniciativa um aluno, uma família, no aspecto da saúde, então esta construção foi ligada a UniLúrio, para ela aproveitar os alunos que tem, tendo aspecto também da Ilha de Moçambique, por causa da construção da antiguidade, como aliar esse centro com essa unidade para pesquisa de toda possibilidade e alternativas de melhoramento dos materiais para oferecer alternativas a cada comunidade de acordo com material que têm, e de acordo também com a sua capacidade,” explicou.

Quanto a incubação, esta fonte explicou que “era na perspectiva de oferecer treinamento às microempresas para elas tornarem-se activas no mercado. Uma das microempresas que saiu nesse exercício, aqui de Monapo, hoje tem alvará de quinta [classe/categoria], quando eles todos começavam com três, que era o nível básico, a vantagem dessas microempresas é que a contração, o dono da obra e os empregados eram os membros associados e só eles depois recrutavam outra força de trabalho, de acordo com a dimensão do empreendimento, é por isso que o laboratório nasce como uma componente para certificação de todos esses exercícios de promoção de material locais de construção e graças a uma exposição que fizemos no Brasil, o governo Brasileiro, via Caixa Federal, interessou-se com a iniciativa de Nampula, e esses ofereceram este equipamento do laboratório, então oferecendo esse laboratório condicionaram que o país deveria ter política de habitação para que se inserisse melhor”.

Para maior capacidade do centro, foram adquiridos vários equipamentos, incluindo moveis, que podiam ser deslocados para qualquer ponto onde houvesse necessidade para o efeito.

“Tinha um equipamento com capacidade de produção de cento e tal blocos por hora, se não estou a errar, enquanto aquelas maquinetas era uma produção de 150, 200 blocos por dia em função da força manual. Também foi feito aqui o ensaio de tijolo queimado, mas o tijolo queimado tendo em conta as questões ambientais, aqui tínhamos uma amostra, no documento vem lá que era forno amigo do ambiente, que tinha menos consumo de material lenhoso, mas tinha maior valor calorífico para fazer a cozedura dos blocos, enquanto outros blocos eram de solo e cimento, a sua cura era no ciclo de rega (água), não iam ao forno”.

“O exercício de colocar esses protótipos aqui foi na base de lições aprendidas com trabalho nas comunidades, em Moma, onde houve o problema de alagamentos e inundação, os bairros de Nacala e Nampula que sofreram constantemente, problemas de quedas de paredes etc, ferimentos de cidadãos, então todos esses aspetos de discussão com a comunidade foi o que que deve ser melhorado,” referiu Vicente Paulo sobre o móbil da criação daquele centro, o qual pretendia resolver o “problema dos assentamentos, a própria estrutura, depois a cobertura e depois o aspecto ambiental que é o aspecto de sanidade”.

Eduardo Mariamo Abdula ficou comovido com o que o viu e quer a recuperação do CTN, para que sirva as comunidades, pois tem um potencial enorme, sobretudo a sua aplicabilidade no contexto das mudanças climáticas.

“Tendo em conta os grandes problemas que nós temos de habitação para os jovens, e tendo em conta a situação do centro, o que nós precisamos fazer, com muita urgência, a nível da direcção provincial das Obras Públicas, é unirmos esforços no sentido de reactivar, naturalmente, em negociação com parceiros a nível nacional, central e os parceiros internacionais para com maior urgência ser possível reativarmos o centro tecnológico, de modo a começamos com as inovações,” disse o governador, avançando que “oriento que façamos isso com maior urgência possível, e peguemos esse projecto para produzir blocos para construção resiliente, blocos baratos para os jovens que possam fazer, que formemos esses jovens no sentido de produzirem nos seus locais, de forma eficiente e eficaz, principalmente barata e seguindo as normas e  regras do ambiente de forma a começarmos a construir casas resilientes”. (Redação)

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