Nampula (IKWELI) – A Associação Provincial de Atletismo de Nampula (APAN) conta, desde o pretérito fim-de-semana, com duas lideranças, com a reeleição de Amílcar Juaniha, que desde 2020 presidiu a agremiação.
No ano passado [2024], o então presidente da mesa da Assembleia, Mendes Muquina terá convocado uma assembleia electiva de novos órgãos da colectividade, mesmo ciente que o elenco dirigido por Amílcar Juaniha ainda encontrava-se dentro do mandato. Tudo leva a crer que Mendes, que também já foi presidente da APAN, queria uma figura que com ele estivesse alinhado, um alegado “alinhamento” que presumivelmente não encontrava no Amílcar Juaniha.
Para acomodar tais interesses, Muquina namorou a Faume Issa Faume, coordenador das actividades desportivas no Conselho Municipal da Cidade de Nampula, a quem venceu aquelas eleições realizadas no primeiro semestre de 2024, alegadamente não comunicadas ao elenco de Amílcar Juaniha. Seria o concretizar de sonhos de Faume que, vezes sem conta, concorreu para presidir uma associação provincial, como aconteceu para o futebol e no próprio atletismo, mas sem merecer confiança dos associados.
Entretanto, em Novembro passado, período em que terminou o mandato do elenco de Amílcar Juaniha, foi convocada a Assembleia Ordinária para a eleição de novos órgãos sociais, e a mesma teve lugar no passado sábado.
Realizada na Escola Básica dos Limoeiros, Juaniha venceu a eleição com seis votos, contra um de Santos Joaquim e zero votos de Aduhuri Júlio, fazendo com que APAN passasse a contar com duas lideranças.
“Agradecer o voto de confiança uma vez mais depositado sobre o projecto que temos vindo levar a cabo ao longo dos últimos quatro anos e ter sido confiado para dar continuidade a este projecto, mas desta vez de forma muito mais arrojada. Entendemos que o atletismo na província de Nampula nos últimos quatro anos deu um grande salto, contribuiu de forma significativa para a visibilidade da modalidade na província, e este continuará a ser o nosso desafio no próximo ciclo olímpico, 2025 -2029”, disse Amílcar Juaniha, no seu primeiro discurso após a reeleição.
“As nossas grandes apostas continuarão a ser, mas de forma redobrada, na capacitação dos quadros técnicos em matérias de profissionalização da actividade atlética, na criação de parcerias público-privadas com a associação, por forma a robustecer, a engrandecer as finanças das agremiação, pois entendemos que o atletismo precisa, tendo em conta o cenário e estágio em que ele se encontra, precisa de se investir em muitas áreas, desde a concepção de incentivos, pacotes para a descoberta de novos talentos, a questão da infraestrutura e manutenção da única pista que a região norte tem, que é a pista do Estádio 25 de Junho que ano após ano temos levado gigantesco esforços para a manutenção da pista, em colaboração com o Clube Ferroviário de Nampula, que é o local onde a pista se situa.”, acrescentou o timoneiro do atletismo na mais populosa província do país.
“No campo da alta competição, vamos redobrar e acelerar o processo de enraizamento e abrangência a nível dos distritos, quero me referir aos distritos de Muecate, Malema, Ribáuè e Nacala, que já deram mostras da existência de grande potencial para comporem as instalações da Associação Provincial e, desta forma, poder melhorar as nossas marcas mínimas, de tal sorte podemos singrar nos campeonatos de alta competição do nível nacional, quero falar do campeonato de pista, realização de provas e concursos atléticos, os campeonatos de corta-matos, os campeonatos internacionais, naturalmente teremos que fazer uma parceria com a Federação Moçambicana de Atletismo que é a porta dos nossos talentos a nível internacional”, precisou Juaniha.
“Não me sinto ameaçado com o que aconteceu” – Faume Issa Faume
Falando ao Ikweli, Faume Issa disse continuar firme como presidente da Associação Provincial de Atletismo de Nampula, por isso desvalorizou a assembleia que reconduz Juaniha.
Para ele, Juaniha perdeu oportunidade por não ter concorrido no ano passado.
“Para dizer que as pessoas são curiosas, querem manter-se na Associação Provincial de Atletismo, enquanto não têm legitimidade. A eleição na qual fui eleito o senhor Juaniha perdeu a oportunidade de se recandidatar porque já foi lançado a vários órgãos de comunicação social, e ele não se mostrou interessado para ver se ele continuava a dirigir a associação. Então, por minha parte, como uma pessoa que esteve durante muito tempo ligado a modalidade, eu senti-me convidado a ir para lá com o meu projecto para levar avante o atletismo na província de Nampula, tirar a situação em que o atletismo Nampulense hoje se encontra,”, disse Falou Faume Issa.
“Nós sabemos que o atletismo em Nampula é feito por um grupo de amigos, e segundo os estatutos não condiz. Então, fomos para lá para tirarmos na situação menos boa em que o atletismo se encontra e eu como presidente eleito, estou a fazer meus trabalhos. Ouvi nos bastidores de que haveria eleições na Associação Provincial de Atletismo, não sei que associação é essa, talvez seja associação distrital, e não provincial. Então, eu não me sinto ameaçado com aquilo que aconteceu, estou tranquilo”, precisou.
Respondendo a uma questão sobre o seu plano de actuação para este ano, em prol do bem do atletismo em Nampula, Faume Issa respondeu que “os planos são vários, porque só para ver os atletas nampulenses clamam pelas posições do pódio quando forem aos campeonatos nacionais. Então, eu quero trazer aqui uma melhor competitividade entre eles e que eles consigam atingir os mínimos que possibilitem a eles irem aos campeonatos nacionais e ocuparem lugares do pódio”, e “com uma competitividade entre os atletas, várias competições, não só uma, então, vamos tirar a situação em que os atletas clamam para o melhor, porque eles reclamam de que não costumam ocupar o primeiro, segundo e terceiro. Então, nós vamos fazer com que esses atletas consigam esses lugares”.
“A não presença de entidades governamentais não constitui preocupação” – vice-presidente da mesa da Assembleia
A Assembleia que culminou com a reeleição de Amílcar Juaniha para a presidência da APAN, não contou com a presença de entidades governamentais convidadas. Para Omar Lobo, vice-presidente da mesa de assembleia, isso não afecta a legitimidade da eleição, pois o governo apenas é mero convidado.
Por outro lado, Lobo voltou a lamentar a precipitação que moveu a Mendes Muquina ao convocar uma assembleia e sem comunicar a direcção da Associação e num período muito antes de terminar o mandato do outro elenco, o que viola grosseiramente as normas da colectividade.
“Nada impediu a realização desta assembleia. Como os estatutos preconizam, deve haver sempre uma assembleia para destituir e constituir um novo órgão, e é o que se viveu. Datas posteriores iremos anunciar a tomada de posse do novo presidente. Era essa nossa agenda e cumprimos com a missão”, disse Omar Lobo.
“De frisar que a assembleia feita com outro não foi comunicada a agremiação, oficialmente, tanto é que o presidente reconduzido pronunciou-se em relação a matéria dizendo que não volvido o período de mandato não se pode realizar uma assembleia para destituição ou constituição de um novo órgão antes que cesse o mandato. Então, é ilegal, para começar, não gostaria aqui de avançar o lado obscuro da coisa, mas juridicamente podemos avaliar o assunto.”, disse para rematar que “a não presença de entidades governamentais não constitui preocupação, porque a presença deles vai ser constatada na acta ou relatório que vai ser produzida a partir desta Assembleia onde os ditames vão produzir os efeitos legais”. (Constantino Henriques)
