Nampula (IKWELI) – Dois corpos sem vida foram encontrados na manhã desta segunda-feira (10), no Quarteirão 4, na zona residencial do Brito, no bairro Namicopo, nos arredores da cidade de Nampula, com sinais de queimadura e espancamento.
Os corpos, cujo um deles foi reconhecido por familiares, ainda estavam no local até por volta das 11 horas, alegadamente à espera das autoridades, enquanto eram assistidos por pessoas de várias idades no meio de um sol escaldante.
Os residentes da zona disseram ao Ikweli que o crime aconteceu nas primeiras horas da manhã, após os dois indivíduos, um deles de 37 anos de idade, que respondia pelo nome de Assuste, conhecido como batoteiro na zona do mercado, terem sido levados ao topo de uma montanha de onde foram lançadas após maus tratos, incluindo queimaduras.
Um residente que pediu para não ser identificado alegou que o acto foi materializado por indivíduos que acusaram as vítimas de ladrões, aliás, até não tem dúvidas que dois faziam parte de uma suposta quadrilha composta por doze elementos.
“São gatunos, os familiares estão a dizer só que não são, mas conhecem, são ladrões, nos últimos dias houve roubo várias vezes nas casas, aqui não se dorme. Tem um militar aqui na zona que mudou por causa de roubo, foram três vezes. Então aqui roubos são frequentes, foi bom que assim aconteceu”, disse o cidadão.
Júlio Sabão, também residente do Quarteirão 4 e que estava no local a assistir os dois corpos, secundou que as duas vítimas são supostamente parte do grupo de gatunos que, com frequência, roubam na zona e presume que tenham sido capturados enquanto tentavam roubar.
“Aqui não se dorme bem, um deles é chefe, ali se conheciam, então a situação é preocupante. Eles chegaram um dia, de dia para enganar crianças, porque a mãe não estava para roubar, simularam falar ao telefone, fazem parte de um grupo de doze pessoas que faziam merda aqui na zona”, alegou.
Dois familiares de um dos mortos, também, estiveram no local, além de lamentar, estes disseram que não têm histórico que o seu sobrinho e irmão, Assuate, era ladrão, mas alguém que era batoteiro no mercado de condomínio. Contudo, lamentaram o facto de as pessoas terem feito a justiça pelas próprias mãos.
Até a retirada da reportagem do Ikweli, ainda não tinha sido destacada alguma equipa de qualquer entidade governamental, no caso da PRM [Polícia da República de Moçambique] ou SERNIC [Serviço Nacional de Investigação Criminal], muitos menos estavam as estruturas do bairro local.
Este é o segundo crime praticado pelas próprias mãos em menos de três semanas na cidade de Nampula. O que antecedeu, foi na zona de Angola, onde um suposto ladrão, de nome Zap, chefe de uma gang ladrões, foi morto após espancamentos sob acusação de usurpar terrenos e outros bens. (Amade Abubacar)