Nampula (IKWELI) – Os munícipes da cidade de Nampula imploram para o regresso dos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) às zonas residenciais, para garantir a devida ordem e tranquilidade públicas, que em certo ponto neste momento encontram-se ameaçadas.
Muitas zonas residenciais, pelo menos da cidade de Nampula, encontram-se abandonadas pela Polícia da República de Moçambique (PRM), facto que pode concorrer para a instalação de acções nefastas de oportunistas.
Muitos bairros da cidade de Nampula, de maneira específica, deixaram de ver a circulação de polícia, pelo menos com aquela farda. Este facto começou a se verificar com preocupação na última fase mais intensa das manifestações do período pós-eleitoral, fase que ficou batizada como turbo V8. Trata-se do período em que ao nível da cidade de Nampula algumas esquadras e postos policiais foram alvos de vandalização levada a cabo pelos manifestantes.
Do registo preliminar que tivemos acesso, ao nível da cidade de Nampula, não escaparam da vandalização, por exemplo a 3ª e 5ª esquadras, ambas localizadas no Posto Administrativo Urbano de Namicopo, posto policial de Muatala, posto policial 22 de Agosto, bem como o posto policial do Centro Hípico.
Com a vandalização daquelas subunidades policiais, os agentes da lei e ordem viram-se obrigados a abandonar essas zonas residenciais, em parte para salvaguardar sua integridade física. A fuga dos policiais estendeu-se para outros pontos, mesmo que os postos não tenham sido vandalizados, como aconteceu a Unidade Comunal Marien Nguabi, zona vulgarmente conhecida por campo dos Macondes, que só viria a ser destruído semanas depois, com a fúria da população provocada com o baleamento mortal de um cidadão, acção perpetrada por um agente da polícia.
Com o abandono, alguns policiais foram reforçar a segurança nas esquadras restantes, como a 1ª, 2ª, 4ª esquadra, para além do próprio comando provincial. Foi uma fuga que trouxe estranheza no seio dos populares, pois acreditava-se que o papel da polícia era de garantir aos cidadãos, a ordem e tranquilidade, em situações em que forem postas em causa.
Por isso, apesar de condenar veementemente a vandalização dos postos e esquadras policiais, a população pede o regresso da polícia aos bairros para exercer as actividades que juraram servir às comunidades.
António Mussassa Monteiro, residente na zona da Cavalaria, na cidade de Nampula, é exemplo de vozes que condenam a destruição das subunidades policiais. A zona da Cavalaria, a semelhança das outras, viu ficar sem fiscalização policial após a vandalização do posto local, durante o turbo V8.
António Mussassa, um dos mais velhos residindo na Cavalaria, disse acreditar que os que vandalizaram o posto policial local (posto policial do Centro Hípico), são oportunistas e supõe que os mesmos não são residentes locais. Por isso, o nosso interlocutor pede o regresso da polícia.
Concretamente, o posto policial do Centro Hípico sofreu arrombamento de todas portas, para além do fogo posto que terá destruído alguns pertences daquela subunidade. Aliás, no dia em que os manifestantes descritos como “Naparamas” escalaram a Cavalaria, viveu-se um verdadeiro momento de terror. Tudo que foi encontrado no pátio do posto policial foi posto fogo, incluindo viaturas de particulares que ali estavam estacionadas.
O pior não aconteceu porque, pelo menos a infraestrutura construída na era colonial ainda existe, por isso Mussassa avançou com o processo de limpeza tanto de fora assim como dentro do posto, de modo que a polícia regresse o mais rápido possível aquela zona. Por conta desta gentileza de Mussassa, a comunidade ficou rotulando-o como “comandante interino” daquele posto policial.
“Na verdade, nós estamos mal. Nós a sociedade, nós os munícipes desta redondeza não temos polícia, cada pessoa vai e desfaz, não temos a quem recorrer. Por isso gostaria que as estâncias superioras depois de se reunirem, saísse a decisão de a polícia poder retornar e nos representar aqui. É um muito especial favor. Espero que oiçam e valorizem este meu pedido, voltarem para aqui na comunidade”, implorou Mussassa que outrora fez parte da corporação. (Constantino Henriques)