Nampula (IKWELI) – É um problema já com “barbas brancas”, o centro de saúde de Niarro, nos arredores da cidade de Nampula, está há 5 anos que não tem acesso à água, situação que tem estado a obrigar as parturientes a percorrerem uma distância de 3 quilómetros aos rios Cutuche e Monapo para sua higienização.
Rosalina Álvaro, uma das mulheres entrevistadas pelo Ikweli, conta que recorreu ao centro de saúde por duas vezes e a situação foi a mesma, teve que ir a correr ao rio, para higienizar seus filhos. “Eu já nasci minhas duas crianças naquela maternidade, também tinha que passar pela mesma via, deixar eles na cama e eu correr com dores para ir buscar água no rio Cutuche há 3 quilómetros, para me lavar e os meus bebés, mas ao meu regresso, encontrei os bebés enquanto estão todos eles secos de sangue no seu corpo, porque tinha que levar muito tempo durante a caminhada, mas uma vez já perguntamos isso ao director do centro de saúde de Niarro, nos respondeu que o governo é que quis fechar a água porque não pagamos.”, disse.
Por causa da situação, mulheres há que preferem dar à luz nas suas casas, secunda dona Rosalina Álvaro, pois “por causa desse problema, algumas mães preferem nascer em casa. Recorremos a água nas torneiras das casas vizinhas por 2,00Mt (dois meticais), depois levar para o centro de saúde, receber o tratamento médico e ter aquele cartão de bebé.”
Situação igual foi vivida pela filha da dona Filomena. “Nós temos dificuldade na maternidade, sobre a falta de água desde há muito tempo. Por exemplo, a minha filha quando foi dar à luz naquela maternidade, no ano passado 2024, teve que deixar seu bebê assim mesmo com sangue, para ir tirar água em [rio] Monapo, correndo risco de os bebés serem roubados por pessoas de má-fé, por isso pedimos ajuda ao governo.”
Catarina Paulo, mulher que ainda encontra-se em fase de gestação, não esconde sua insegurança quanto ao futuro que lhe espera, “com essa situação não sei para onde vamos parar, principalmente para nós mulheres que estamos grávidas, vamos ter que nascer naquela maternidade com essa crise de água, até agora não sabemos para onde vamos parar e nascer em casa não é seguro, corremos o risco de perder os nossos bebés durante o parto”.
Ruí Basílio Amisse, líder do comité de gestão em Niarro, explicou que o problema já foi reportado as autoridades e que “não sei o que se passa com a situação de água na torneira, então as mulheres são obrigadas a ir em busca de água nos rios com uma família doente, mas já relatamos essa situação, agora não sei se levaram a preocupação para quem é de direito, mas até agora não tivemos resposta satisfatória por parte do governo”.
Enquanto isso, o director do centro de saúde Niarro, Ossufo Jaime, revelou que o problema deve-se a uma dívida que o centro tem com o fornecedor. “Na verdade, há esse problema de falta de água desde que comecei a trabalhar neste centro de saúde, porque temos uma dívida muito grande, mas como temos uma maternidade que não pode ficar sem água, acabamos comprando nas casas vizinhas e por iniciativa local, conseguimos contribuir para abrir um furo de água, já começamos no mês de Outubro, arranjamos alguns homens para abrir furo, mas até agora não conseguiram água, estamos em processo no sentido de ajudar as mulheres que recorrem a lugares distantes para ter água”. (Virgínia Emília)