Nampula (IKWELI) – Os artistas [escultores, pintores e artesãos ] estabelecidos no pátio do Museu Nacional de Etnologia, na cidade de Nampula, continuam a queixar-se da ausência, cada vez mais, de clientes para os seus produtos nos últimos anos.
Esta situação começou com a eclosão da pandemia da covid-19, tendo-se agudizado no último trimestre de 2024, com a onda de manifestações de repúdio de resultados eleitorais, o que impossibilitou que turistas, sobretudo estrangeiros, escalassem a mais populosa província do país.
Pai de 4 filhos e pintor plástico há 35 anos, António Muarapaz é uma das vítimas deste fenómeno e ao Ikweli disse que “este ano, o trabalho não está a ir nada bem, uma vez que temos falta de clientes”. “O que fez piorar são essas manifestações”, disse, reconhecendo que a situação prevalece há cinco anos.
Para ver o seu mercado reposto, Muarapaz pede o estabelecimento da paz no país, “no sentido de esses clientes estrangeiros [turistas] virem aqui para comprar as nossas mercadorias”.
“A gente não tem como vender, porque o nosso negócio depende muito de turistas. Eentão quando o turista consegue entrar aqui na cidade de Nampula, vem comprar o nosso trabalho para voltar a sua terra torna muito difícil, por causa do imposto que ele paga. Antes dos conflitos que o país enfrenta, a subida de valor no pagamento de impostos também contribuiu, por isso ficamos muito tempo sem vender.”, aponta Raúl Sueta uma das razões da “fuga” dos clientes.
Sueta é escultor desde 1988, natural de Mueda, na província de Cabo Delgado, sempre cuidou dos seus 5 filhos com esta actividade. (Virgínia Emília)