Nampula (IKWELI) – A obrigatoriedade do uso de máscaras faciais nos transportes semi-colectivos de pessoas na província de Nampula, no norte do país, não está a ser observada com a rigorosidade necessária.
Esta medida administrativa veio levantar a anterior que reduzia para 1/3 o número de passageiros que cada viatura, que se dedica ao transporte público e privado, devia carregar, no âmbito do estado de emergência decretado para fazer face a prevenção do novo coronavírus, a covid-19.
O Ikweli escalou os principais pontos de carregamento de passageiros na cidade de Nampula, e observou que a maioria dos passageiros não usa máscaras.
Igualmente, a higienização das mãos, também, não está sendo observada, alias, em nenhum ponto de carregamento de passageiros, sobretudo terminais, não há sequer um balde com água e sabão ou outro líquido desinfectante.
Alguns utentes utilizam as máscaras por temerem da doença, mas dizem que as mesmas afogam-lhes, por falta de hábito.
Os operadores, alguns deles, também, aplicam as máscaras, mas apresentam a mesma queixa que a dos utentes, tal como nos disse o transportador Paulito Artur, que opera na rota Muahivire – Waresta (via Paulo Samuel Kankhomba). “Eu não tenho porque usar a máscara, porque o meu vidro está sempre aberto, e quando o carro anda entra muito vento”.
Artur reconhece o nível de perigosidade da pandemia do coronavírus, e disse que ele junto com o seu cobrador tem vindo a sensibilizar aos passageiros, antes de entrarem no carro, mas em vão, porque eles negam o uso da máscara.
“Irmão, nós não temos como mandar descer do carro os passageiros, porque estaríamos a comprometer o nosso trabalho, com destaque para as receitas diárias. O patrão não quer saber nada”, contou-nos esta nossa fonte.
Outro automobilista que falou ao Ikweli é o senhor Arlindo Tarieque, o qual desenvolve a sua actividade de transporte de passageiros inter-distrital, operando na rota cidade de Nampula – Malema, e para ele a Polícia de Trânsito não estão a apertar o cerco como deve ser.
Tarieque defende que nenhum autocarro devia fazer-se a estrada sem que os passageiros estivessem aplicando a máscara.
Por outro lado, a nossa fonte pediu as autoridades competentes para criarem equipes nas principais paragens para sensibilizar os automobilistas, cobradores e passageiros, como forma de fazer entender as pessoas a gravidade do coronavírus.
Alguns passageiros ouvidos pela nossa equipa de reportagem são unânimes ao afirmar que reconhecem que a doença é um assunto sério, e que deve se intensificar as medidas de prevenção do novo coronavírus, a covid-19.
Noémia Vacuenle, uma das passageiras, não perdeu a oportunidade de exprimir o seu sentimento. “Eu não consigo usar máscara porque respiro mal, e fico assoada. Sinto-me mal, mas eu não tenho como vou ter que me habituar”, disse para depois prosseguir que “não estou a usar a máscara porque aqui, em Nampula, não temos nenhum caso de coronavírus confirmado até hoje, quando se confirmar e morrer alguém alguma coisa vai mudar”.
Por seu turno, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Nampula, Zacarias Nacute, disse que a corporação já deteve dois automobilistas que desobedeciam o decreto presidencial, no âmbito do estado de emergência que vigora no país.
“A polícia está trabalhar no sentido de fazer valer a lei, e aquele que não cumprir com o decreto será punido”, concluiu Nacute. (Celestino Manuel)