Nampula (IKWELI) – Empresários, defensores dos direitos humanos e sociedade civil do maior círculo eleitoral do país, Nampula, julgam que a relação entre esta classe e o governador Manuel Rodrigues não foi das melhores durante o quinquénio findo.
De acordo com as nossas fontes, apesar da pandemia da Covid-19 que influenciou negativamente e assolou drasticamente a economia moçambicana em quase todas áreas, Manuel Rodrigues tinha tudo para dar certo, mas não aconteceu.
Falando ao Ikweli, Marchal Manufredo pesquisador e analítica político, afirmou que Rodrigues como pessoa foi muito útil, porque aproximou-se muito da população, mas do ponto de vista de governação teve muitas “quedas livres”.
“Aquilo que é a presença de um líder para com a sua comunidade, ele foi gigante, mas em termo de governação, ele tem problemas sérios de gestão e esses problemas influenciaram negativamente, porque isso retraiu algumas políticas de governação. Outra problemática que ele não conseguiu resolver é a despartidarização do Estado, como exemplo, nós vivenciamos recentemente que o município da cidade de Nampula, na altura dirigido por Paulo Vahanle, pretendia oferecer livros escolares e alguns materiais, como é o caso de carteiras, e houve impedimento para se proceder aquela oferta e o governador da província de Nampula não conseguiu viabilizar aquela situação que fazia parte da actividade do executivo municipal. Igualmente, ele tem sérios problemas na gestão de fundos, por exemplo os valores de coronavírus que foi desviado e ele não conseguiu fazer quase nada, então como governador da província de Nampula não fez nada que eu veja, porque mesmo em cinco anos não conseguiu diminuir o índice da desnutrição crônica e deixou uma percentagem que ele encontrou em média 53% a 54% em crianças de 56 meses”, disse esta fonte.
Manufredo é da opinião que o dirigente deveria priorizar o combate cerrado a desnutrição crônica e despartidarização das instituições do Estado, pois “ele tinha que trabalhar como executivo e não como político, essa seria opção de um governante com base na legislação que o coloca naquele poder, como governador tinha que garantir o acesso a justiça, a educação a toda população de Nampula, o que não aconteceu”.
Para o novo executivo eleito no dia 9, a fonte diz não ter muitos comentários porque alegadamente não conhece bem os eleitos, “mas ouvi que o Salimo é uma figura carismática, isso é interessante para um governante que sente a dor da sua população”.
Outra classe que não guarda boas lembranças da governação de Manuel Rodrigues é o sector empresarial ao nível provincial, que viu os seus projetos “água abaixo”, por falta de pagamentos do governo provincial liderado por Manuel Rodrigues.
Luís Vasconcelos, vice-presidente do Conselho Empresarial Provincial (CEP), conta que vários empresários, mesmo depois de prestarem serviços, não estão a ser pagos os ordenados.
“Era expectativa do sector privado, quando o governo central anunciou que haveria de fazer o pagamento da dívida do sector privado que isso acontecesse até dia 20 de dezembro. O sector empresarial esperou esse pagamento ao nível da província de Nampula, mas não se registou nenhum pagamento ao sector privado e isso continua a falir os empresários, porque investiram, trabalharam e desenharam certos projectos para o governo e não estão a receber. Por exemplo, temos a situação dos empreiteiros que deveriam receber na totalidade, uma vez que concluíram as obras, mas estão a receber migalhas que nem dá para pagar os seus funcionários, são empresários que prestaram o serviço e hoje estão na banca rota por causa desta dívida”.
A fonte disse que os empresários estão à deriva, “porque alguns deles foram pedir dinheiro num microcrédito e se o Estado não pagar as dívidas até janeiro, posso acreditar que uma parte deles vai à falência”. (Malito João)