Nampula (IKWELI) – Os munícipes da cidade de Nampula, no norte de Moçambique, defendem o diálogo entre as partes interessadas para governar o país, particularmente os partidos Frelimo, Podemos e o candidato presidencial Venâncio Mondlane, de modo que se encontre uma saída pacífica para o bem da nação moçambicana.
Desde que começaram as manifestações do período pós-eleitoral, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto aos resultados da votação de 9 de Outubro, as quais diz ter ganho, embora os órgãos eleitorais tenham declarado vitória a Frelimo e seu candidato Daniel Chapo, vive-se no país um clima de incertezas sobre o destino da Pátria Amada.
Munícipes da cidade de Nampula contam que sentiram os impactos nefastos das manifestações na fase que ficou conhecida como “turbo v8”, período no qual muitos estabelecimentos públicos e privados foram vandalizados, como por exemplo estabelecimentos de ensino, Centros de Saúde, subunidades policiais, estabelecimentos comerciais, para além da destruição de móveis.
Por essa razão, e quando faltam poucos dias para a tomada de posse de Daniel Chapo a cargo de Presidente da República, os moradores de Nampula instam a quem é de direito a pautar pelo diálogo com a parte queixosa, com o fim último de garantir a estabilidade socioeconómica de Moçambique.
Aliás, enquanto o Conselho Constitucional fixou a data 15 deste mês para a tomada de posse de Daniel Chapo, Venâncio Mondlane também disse que no mesmo dia irá tomar posse como presidente da República eleito pelo povo, concorrendo, assim, a formação de dois governos no território moçambicano.
“Não sabemos realmente o que vai acontecer a partir do dia 15, como senhor jornalista também sabe, estamos a vir de uma eleição problemática, como de sempre neste país, ninguém aceita que perdeu perante a vontade popular. Já estamos quase há mais dois meses que não sabemos o que amanhã nos espera, manifestações para cá, manifestações para acolá, mortes de um lado para outro, destruições, coisas de lamentar num país que parecia ter tudo para caminhar bem”, analisa Laurindo Sebastião.
“Então, como ninguém aceita que perdeu as eleições, o meu pedido é que essas pessoas sentem e negociem porque nós, como povo, apenas estamos interessados pela paz. Para quem viveu aqueles tempos dos 16 anos [de guerra civil], viu a amargura de um conflito armado. Aliás, mesmo os que viveram naqueles tempos, agora também viram isso, aqueles que, infelizmente, perderam seus parentes nestas manifestações. Nós temos este único país, não temos aonde recorrer, por isso pedimos a tranquilidade. Já provamos que só com o diálogo é que conseguimos ultrapassar as nossas diferenças”, acrescentou Laurindo Sebastião.
Numa comunicação online transmitida nas suas plataformas digitais, no último domingo, Venâncio Mondlane referiu a sua pretensão de regressar a Moçambique na próxima quinta-feira (9), depois de quase dois meses em parte incerta.
Esse regresso de Mondlane acelera incertezas nos munícipes de Nampula sobre o que será de Moçambique, em caso de um presumível atentado à sua integridade física, tal como o próprio candidato avançou na sua comunicação.
“Ele disse que regressa ao país no dia 9 deste mês, acredito que vem para concretizar o que ele mesmo prometeu aos seus simpatizantes de que irá tomar posse no dia 15 de Janeiro, a par de Daniel Chapo. Agora, se essa vinda dele constituir ameaça e pessoas do mal quererem tirar-lhe a vida, este país pode perder o controlo. Então, eu desejo que o governo encontre formas de conversar com ele para que tudo termine bem, porque querer lhe silenciar, isso pode trazer outras consequências no nosso país, não vale a pena”, considera Adamo Subair.
Mussa Francisco é um operador de táxi mota na cidade de Nampula, que fez saber que desde que começaram as manifestações a sua actividade tem registado retrocesso. Face a isso, e para evitar piores momentos, ele pede o entendimento das partes.
“Desde que começaram as greves, esse trabalho praticamente está parado. Agora é difícil mesmo para fazer poupanças, era bom que ultrapassássemos este momento que estamos a enfrentar, e voltarmos a vida normal”, precisou Mussa Francisco.
“Eu acredito que a partir do dia 15 de Janeiro estaremos em paz, não devemos ter mais guerra, porque tudo está parado e essa também não é a melhor forma de viver. Esse assunto de ter dois governos no país, de Chapo e Venâncio, não é normal, por isso é melhor seguir aquilo que se diz na Bíblia de que dá ao César o que é do César, é melhor entregar aquele que realmente venceu as eleições, dessa forma não teremos problemas, “acrescentou Francisco. (Constantino Henriques)