Nampula (IKWELI) – Já se passam quase três meses em que o país se encontra mergulhado em ondas de manifestações à escala nacional, convocadas pelo candidato presidencial suportado pelo partido PODEMOS, Venâncio Mondlane, em busca de uma suposta verdade eleitoral.
Sucede que tais manifestações, tem vindo a semear dor, luto, desemprego, assim como impendem a livre circulação de bens e pessoas.
Só para ter uma ideia, desde o dia 21 de Outubro até ao momento mais de uma centena de pessoas perdeu a vida, vários estabelecimentos vandalizados, sem contar que o custo de vida tem vindo a aumentar cada vez mais.
Cansadas com o cenário, as mulheres da Associação de Viúvas Teresa Grigolini (AVTG), representadas pela sua presidente, Maria Amina Sebastião, exigem que haja reposição da ordem e estabilidade social no país, para que as actividades possam decorrer normalmente.
Em entrevista ao Ikweli, Amina Sebastião, usou a sua voz em nome de milhares de mulheres viúvas e não só, para criticar o actual cenário que se vive no país, visto que muitas são responsáveis pelo sustento dos seus familiares, e as manifestações vieram aumentar as suas despesas.
“Estamos muito tristes com essas manifestações, porque está cheio de oportunismo, nós como viúvas esperamos daquilo que nos sustenta e par fazer o nosso trabalho precisamos sair e não podemos sair de casa e de carro um dia inteiro, já são quase 50 dias sentadas em casa, temos filhos por criar e nós temos medo de sair e nos depararmos com polícias a disparar e isso é pior para as crianças que ficaram também sem mãe”, reclamou.
No seu entender, o promotor das manifestações, neste caso, Venâncio Mondlane, pretende ascender ao poder usando a força, por isso, aconselha a dar o “braço a torcer” e aceitar ir a mesa de diálogo com o governo, “pois não se constrói um governo por cima de cadáveres”, observou.
“Como é que ele pensa em governar para um povo que está destruído, ele não pode repudiar desse jeito, deve parar para pensar, deve aceitar conversar com as pessoas, ser humilde, porque o que está a acontecer é que ele perdeu humildade”, expressou visivelmente emocionada.
Na província de Nampula, a associação decidiu abraçar o ramo do empreendedorismo, através da criação de frangos, por forma a ter algum rendimento e por via disso sustentar seus filhos.
Entretanto, devido as manifestações, a fonte revela que chegaram a perder mais de 50 pintos por falta de alimentação.
“Essa situação é muito preocupante, os pintos dependem de água e ração para poderem crescer, e se nós não conseguimos não fazer as ruas para comprar fica complicado, estamos a perder muitos pintos e consequentemente o valor investido, e são mais mulheres que não terão o que fazer para dar de comer os seus filhos”.
Dados partilhados recentemente pela Plataforma Eleitoral Decide, entre 21 de Outubro e 10 de Dezembro, indicam que 130 pessoas perderam a vida e 385 foram feridas em resultado de disparos.
No entanto, além de mortos e feridos, a organização reporta que cerca de duas mil pessoas sofreram ferimentos durante os confrontos, enquanto 3.636 foram detidas pelas autoridades e cinco permanecem desaparecidas. A maior parte dos baleamentos ocorreram em Nampula e Cabo Delgado, região norte de Moçambique. (Ângela da Fonseca)