Nampula (IKWELI) – Os estudantes de ensino técnico profissional, com destaque para o ramo de saúde, em Nampula, recém-graduados, clamam pela inserção no mercado de trabalho, como também, contribuírem na melhoria e qualidade dos serviços de saúde.
A preocupação foi levantada à margem da graduação dos estudantes do Instituto Técnico de Saúde AVICENA em Nampula, realizada na manhã de sábado (14).
Em representação dos graduados, Mariamo Juma reconheceu que o mercado de emprego não está fácil. Ela afirmou que, durante a jornada acadêmica, enfrentaram vários desafios, entre eles o acesso aos meios de transporte para os campos de estágio e o fraco aproveitamento pedagógico.
“O nosso dever foi aprender os requisitos técnicos de saúde e, acima de tudo, os atributos básicos como a deontologia e ética profissional, senso de humanidade, solidariedade, empatia e amor ao próximo. Outrossim, pedimos incansavelmente a todos, especialmente ao governo e aos parceiros, que nos concedam oportunidades de emprego para colocarmos à prova os nossos conhecimentos e as competências adquiridas ao longo da formação profissional. Passamos por vários campos de estágio na província de Nampula, em locais remotos e de difícil acesso, que se tornaram as nossas segundas casas. Trabalhamos em escala, com horários puxados, inclusive aos finais de semana e feriados”, disse Mariamo.
Esta graduada anotou que “concretizamos que, na saúde, não há finais de semana e feriados; há hora de entrada, mas não de saída. Não nos esquecemos das punições durante os turnos pelos nossos maus comportamentos, e regressamos para nossas casas extremamente esgotados e famintos, apenas para comer algo e dormir com os olhos abertos, conscientes de que poderemos ser solicitados a qualquer momento para intervir em diversas atividades intra-hospitalares”.
Pais e encarregados de educação, de forma unânime, afirmam que a falta de emprego para os jovens constitui uma preocupação crescente, pois contribui para o aumento da criminalidade e da extrema pobreza no país.
Mussa Charamadane afirmou que a situação é dolorosa e que o governo deve encontrar uma solução. “No contexto em que o país se encontra, é doloroso ver cada vez mais jovens se graduando, e sem emprego”.
Outro encarregado de educação, Manuel José, ressaltou que os conhecimentos adquiridos não devem ficar sem uso. “As pessoas têm conhecimento, mas não têm onde aplicar. O governo deve empregar os seus formandos para o bem-estar de todos e, também, se empenhar na construção de novas infraestruturas de saúde em diversos distritos da província”.
Em representação do Secretário de Estado na província de Nampula, o diretor dos Serviços Provinciais de Assuntos Sociais, Nguma Geraldo, exortou aos recém-graduados, a se absterem de actos corruptos que mancham a governança na província.
“O atendimento humanizado aos pacientes exige, necessariamente, a abstenção de muitas práticas nocivas no sistema de saúde moçambicano. A questão do atendimento priorizado com base na corrupção é uma preocupação enorme para o Estado”, afirmou.
Outrossim, ele salientou que “as práticas nocivas não devem fazer parte do seu dia-a-dia, como o desvio de medicamentos nas unidades sanitárias, pois o governo empreende esforços para garantir o melhor atendimento à população”. (Nelsa Momade)