Nas escolas de Nampula: Alunos com albinismo continuam a debater-se com falta de inclusão

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Nampula (IKWELI) – Pessoas com problemas de pigmentação de pele, mais conhecidos por albinos, na província de Nampula, sobretudo em idade escolar continuam a enfrentar obstáculos significativos devido a falta de adequações razoáveis nas salas de aula, o que viola o direito à educação.

Em entrevista ao Ikweli, o coordenador da Associação Amor à Vida, Válter Amisse, disse que as crianças com albinismo enfrentam inúmeros obstáculos na escola, incluindo bullying, por parte de outros alunos e não só, o mais agravante é que por vezes, os professores exigem participação em aulas de educação física ao ar livre sem a devida protecção contra o sol.

De acordo com a fonte, o governo deve garantir que os professores do sistema público de educação sejam sensíveis às necessidades de crianças com albinismo e que sejam treinados para atender adequadamente a esses alunos.

“Nós somos pessoas com necessidades educativas especiais, temos muitos irmãos que não têm óculos de vista e eles enfrentam dificuldades na sala de aula, elaboram-se brochuras e as letras são pequenas e eles não conseguem ler. Tem escolas que promovem educação física e acontece no campo ao ar livre e no sol, os nossos irmãos não podem ficar muito tempo expostos, vão provocar problemas de saúde como o cancro de pele”, explicou.

Por isso, Amisse pede que no próximo ano lectivo, haja maior inclusão das pessoas com albinismo nos processos de decisão no que diz respeito a educação, para que estas possam expor suas preocupações.

“Era necessário que os que estão a frente na área de educação pudessem auscultar da nossa parte quais são as nossas necessidades e como nós esperamos participar no atendimento dessas necessidades. Os tomadores de decisão na área educacional deveriam criar uma interacção connosco, de modo a ouvir aquilo que são as nossas inquietações e juntos trabalhamos para ultrapassá-los.”

Por outro lado, o porta-voz da educação a nível de Nampula, Faruk Carim, garantiu haver professores na província treinados para lidar com os alunos com problemas de pigmentação de pele.

Entretanto, afirmou haver desafios no que diz respeito a disponibilização do material didáctico atempadamente para esses alunos e tudo porque muitas vezes, os gestores escolares aquando do levantamento estatísticos não incluem na lista, crianças com necessidades especiais.

“E quando os directores das escolas não incluem alunos com esse tipo de deficiência o sector de educação não tem como produzir material específico para estes alunos, mas tendo esses dados será possível colmatar esta situação.”

Na ocasião, o porta-voz garantiu ao Ikweli que irá entrar em contacto com o coordenador da associação de forma a trabalharem juntos e assim ultrapassar tais dificuldades.

Vale lembrar que em 2012 o governo de Moçambique ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que garante o direito à educação inclusiva e de qualidade, isso implica garantir que as crianças com e sem deficiência aprendam juntas em sala de aula, em um ambiente inclusivo. (Ângela da Fonseca)

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