Nampula (IKWELI) – O último fim-de-semana foi de terror para os moradores da localidade de Nacololo, em Metocheria, distrito de Monapo, em Nampula, por conta da polícia que tirou a vida de dois jovens que integravam o grupo que manifestava pacificamente.
Concretamente, o cenário começou a desenrolar na noite da passada sexta-feira (15), quando um grupo de jovens encontrava-se a manifestar, tocando objectos ruidosos, em resposta da recomendação dada pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane. O que sucedeu é que o comandante da polícia afecto na área de Nacololo não gostou do acto e ordenou que o grupo parasse com a manifestação, mas foi ignorado. Inconformado com atitude dos manifestantes, contam as nossas fontes, o referido comandante avançou com disparos contra os manifestantes, tendo alvejado mortalmente um jovem.
Com a morte daquele jovem, identificado como Zito, a fúria popular elevou-se, a ponto de avançar com a justiça pelas próprias mãos contra o chefe da corporação. Para conter os ânimos, houve o reforço do efectivo, incluindo a Unidade de Intervenção Rápida.
Da actuação do reforço, resultou na morte de um outro jovem que em vida respondia pelo nome de Assane, bem outros três jovens foram alvejados e que neste momento encontram-se sob cuidados médicos.
“Aqui a situação não está boa. As pessoas estão dentro, nem vontade para comer temos. Três pessoas foram baleadas e morreram, o filho do senhor Juma também foi baleado. É uma autêntica guerra que estamos a viver aqui em Nacololo”, contou um residente em Nacololo.
“Este assunto começou à noite [sexta-feira, 15 de novembro], as pessoas estavam a gritar, é quando o chefe da polícia apareceu e disse que as pessoas estavam a fazer barulho, daí começou a disparar”, acrescentou a mesma fonte.
“Em Nacololo não se bebe água, as pessoas querem destruir a casa do comandante, dizem que não querem mais ele porque matou as pessoas, por isso os da FIR [UIR – Unidade de Intervenção Rápida] estão aí a disparar. Eu inclusive estava de mota e começaram a me perseguir, talvez pensavam que era manifestante. Eles perseguiram-me por uma longa distância, depois me deixaram, em direção a Namialo”, referiu António Paulo, outro morador.
Informações a que o Ikweli teve acesso das suas fontes, é que até na manhã deste domingo (17) a Unidade de Intervenção Rápida encontrava-se no terreno, para tentar controlar a fúria popular.
“A FIR ainda está aqui em Nacololo, vieram aqui com quatro mahindras, mas neste momento estão no Posto policial. A população agora está calma, mas se esses sairem, há plano de destruir na totalidade a casa do comandante. Ele tirou a vida das pessoas, então não merece viver aqui em Nacololo, disso as pessoas estão determinadas, porque natural é natural, essa FIR certamente sairá daqui a qualquer momento”, disse um outro residente.
Segundo as fontes, neste momento o comandante da localidade de Nacololo encontra-se foragido, temendo a revolta popular, embora não se descarte a possibilidade de o mesmo encontrar-se sob cuidados médicos devido aos golpes que sofreu naquela noite de sexta-feira de terror em Nacololo.
Até o fecho desta matéria, a Polícia não tinha se pronunciado em torno do incidente. (Constantino Henriques)