Reduzem casos de sequestros de crianças de rua em Nampula

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Nampula (IKWELI) – A Associação Okhala Wamiravo, uma organização da sociedade civil que trabalha na defesa e protecção dos direitos da criança, refere que o sequestro, por desconhecidos, de crianças da rua na cidade de Nampula tende a reduzir.

De acordo com Bonalde Costa, Oficial de Monitoria e Avaliação da agremiação, “a situação de raptos de menores em Nampula já foi mais grave, mas felizmente nos últimos dias, não temos ouvido muitos casos relacionados, até então, temos registro do desaparecimento de quatro crianças, que voltavam da escola e nunca foram vistas”.

Esta fonte, assegurou que a sua agremiação tem vindo a trabalhar para combater estas práticas.

Na cidade de Nampula, as crianças têm abandona as casas onde vivem por vários factores, sobretudo por maus tratos.

Mariano, nome fictício, é um rapaz de aproximadamente 18 anos idade, segundo contou a nossa equipa de reportagem, após perder seus pais e os seus tios não lhe darem atenção, viu-se obrigado a sair de casa e arrastar-se para sobreviver.

O jovem saiu de casa aos 9 anos de idade e revela que teve várias tentativas de sequestro, sendo a mais recente, a que envolvia um homem que alegava que queria o empregar.

“Ele vinha, pagava almoço para mim, dava-me algumas roupas e disse que me via há anos, mas não tinha como ajudar, agora queria empregar-me, dar um teto e eu acabei confiando”, disse, prosseguindo que “numa noite, ele veio e disse que queria me levar, eu recusei, o senhor me espancou tanto que fiquei muito tempo com feridas”.

Pedro, de 13 anos de idade, conta que deixou a casa dos tios após anos de maus-tratos. Ele sobrevive pedindo esmolas no centro da cidade e dorme em lugares improvisados. Pedro conta que, há algumas semanas, foi abordado por um homem que prometeu lhe dar um lugar para dormir e comida. “Ele falava que eu ia ter roupa, cama, mas eu senti medo. Quando eu disse não, ele ficou bravo, e aquele que parecia gentil ficou um homem mau, eu sai a correr de lá”.

Ana, de 11 anos, fugiu da casa dos avós, que, já idosos, não conseguiam sustentá-la. Hoje, vive nas ruas, onde tenta sobreviver com esmolas de comida. Ela relata ter sido abordada por um homem que ofereceu dinheiro para que ela entrasse no carro. “Ele começou a me chamar e a dizer que ia me ajudar, mas tinha algo estranho. Quando eu não quis, ele gritou e disse para eu ir com ele. Quando percebi que aquilo estava a acontecer, corri para um lugar onde tinha pessoas. Aquele senhor ficou a me olhar de longe, depois foi emborra”.

Lucas, de 14 anos, também fugiu de uma situação de maus tratos e violência e conta que vive na rua desde os 12 anos e já presenciou duas crianças sendo levadas por homens que prometeram abrigo e comida. “Eles dizem que vão ajudar, mas nunca mais vemos quem foi com eles”, alerta Lucas. “Agora fico sempre longe quando vejo esses carros”.

Helena, de 12 anos, e Noé, de 10, têm histórias semelhantes. Ambos saíram de lares onde sofriam violência e agora vivem juntos na rua. Eles relatam terem sido abordados por um homem que prometia abrigá-los em uma “casa especial para jovens”. “Ele falava que eu ia ganhar roupas e ter escola”.

Juliana, de apenas 9 anos, conta que um homem ofereceu comida e brinquedos para que ela o acompanhasse. “Ele falou que ia me dar comida e um quarto, mas eu fiquei com medo e corri para a praça”, diz a menina, que já viu outras crianças sendo levadas por pessoas estranhas.

Estas estórias são recorrentes de acompanhar pelas ruas da cidade de Nampula, e as crianças clamam por protecção e amparo. (Ruth Lemax)

 

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