Nampula (IKWELI) – Os bispos católicos da região austral de África, preocupados com a tensão política em Moçambique, apelam à moderação e o respeito pelo direito à manifestação, bem como a abstenção de destruição de bens públicos, privados e de particulares.
A 8 do corrente mês, estes clérigos estiveram reunidos no Zimbabwe, à margem de uma conferência dos Bispos Católicos da África Austral (IMBISA), onde expressaram o seu descontentamento face a dura repressão popular por parte das forças de segurança de Moçambique em resposta a um protesto que consideram pacífico.
Numa nota de solidariedade para com a população, os bispos católicos sublinharam que esta forma de proceder pode pressionar o povo a confirmar suas suspeitas e a questionar a legitimidade dos eleitos.
“Temos acompanhado as eleições na sua área de Conferência com grande interesse e preocupação pastoral. Como o nosso Encontro Inter-regional dos Bispos do Sul de África (IMBISA) observou a 9 de Outubro de 2024, as eleições tiveram lugar num contexto de grande descontentamento e uma forte exigência popular de fortalecimento do Estado de direito e maior transparência na administração eleitoral. Nesta situação, que IMBISA tão bem descrita, esperávamos que estas eleições inaugurassem uma atmosfera democrática pacífica, levando ao fim a violência e do sofrimento”, referem os bispos em comunicado.
Os bispos prosseguem declarando que ficaram decepcionados ao observar que as últimas eleições, em Moçambique, foram fraudulentas. “Ficamos muito tristes ao ler sua declaração divulgada em 22 de outubro 2024. Mais uma vez houve fraude em grande escala, como enchimento de urnas, avisos forjados, muitas outras maneiras de encobrir a verdade, irregularidades. A fraude em grande parte foi realizada com impunidade, reforçou a falta de confiança nas eleições em líderes que abdicam da sua dignidade e desconsideram a verdade e o sentido de serviço que deve orientar aqueles a quem o povo confia o seu voto”.
Os religiosos acrescentam que “embora os órgãos eleitorais tenham certificado os resultados, o senhor (Jesus) foi inequívoco na sua afirmação de que “certificar uma mentira é uma fraude”, a certificação dos resultados era uma mentira, o que ficou claro para nós quando observamos na mídia em 31 de outubro de 2024 a expressão de descontentamento sobre os resultados eleitorais por parte de multidões de pessoas protestando pacificamente”.
Os bispos asseguraram que a igreja vai continuar a rezar para as almas de todos que perderam a vida nessas manifestações. “Ficamos muito chocados e tristes ao ver a dura repressão por parte das forças de segurança em resposta a um protesto tão pacífico. Nós oramos por aqueles que morreram devido aos efeitos da violência e desejamos aos que ficaram feridos uma recuperação rápida”.
No mesmo documento, os Bispos do IMBISA lamentam a decisão do governo da África de Sul em felicitar o partido declarado vencedor de forma precipitada. (Malito João)