Inimigo mortal das mulheres : Jovem diagnosticada com cancro da mama carece de apoio financeiro para dar seguimento ao tratamento

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Nampula (IKWELI) – Uma jovem de 27 anos de idade encontra-se internada na maior unidade sanitária da região norte do país, Nampula, para dar seguimento ao tratamento após ter passado por uma sessão de cirurgia que removeu a mama devido a um cancro. A jovem , clama por apoio financeiro de forma a dar seguimento com as fases subsequentes.

Trata-se de Jizelda Nazalda Iassido, natural da província do Niassa, que no inicio do presente ano, viu sua vida a dar um giro de 360 graus, assim como seus sonhos roubados, após ser diagnosticada com o cancro da mama.

Mas, o primeiro sinal surgiu em 2015, na fase da adolescência quando tinha apenas 17 anos de idade, pois, foi durante um dos toques rotineiros que notou a presença de uma bolha no seio, na altura, não tinha qualquer tipo de sintoma ou dor que pudesse fazer soar os alarmes de que algo de errado se passava com a sua saúde.

Entretanto, procurou um centro de saúde mais próximo na cidade de Lichinga, capital da província do Niassa, para perceber do que se tratava. Na altura, os profissionais de saúde fizeram-na um rastreio e constataram a presença de um nodulo e encaminharam-na ao Hospital de referência na província, tendo de seguida prescrito uma medicação, que podia fazer o “invasor” desaparecer.

Até que isso aconteceu, o nódulo desapareceu por alguns anos. Mesmo assim a jovem seguia com todas as recomendações deixadas pelos profissionais, que era continuar a fazer o rastreio e os exames rotineiros.

Só que para a sua tristeza, no ano de 2023, quando já tinha 26 anos, o nodulo voltou a invadir uma parte dos seios e dessa vez, com mais força, tendo sido submetida a uma cirurgia para remover aquilo que não a deixava em paz.

“Em março do ano passado voltei a notar a presença do nódulo, voltei ao hospital e chegou-se a conclusão que tínhamos que remover o nódulo”.

Na altura, segundo a jovem, não tinham ainda ideia de que na verdade era de um cancro de mama que se tratava e o mesmo só foi possível saber após uma biopsia feita no nódulo no laboratório do Hospital Central de Nampula (HCN) e só neste ano soube que o cancro havia se instalado no seu seio.

“Depois de um tempo, voltei ao hospital para levar os resultados patológicos e, foi aí que descobri que tinha cancro da mama”.

Em abril do ano em curso, Jizelda foi encaminhada à uma sala de cirurgia, mas desta vez era para remover a mama.

Sucede que após a retirada da mama, a jovem foi colocada na fila de espera para fazer a quimioterapia, trata-se de um tipo de tratamento que utiliza medicamentos quimioterápicos que agem em fases específicas da divisão celular, o que provoca a morte das células tumorais, impedindo sua multiplicação.

A falta desse tratamento fez com que a sua situação piorasse, tal como explica sua irmã, Mica Iassido.

“Toda família ficou debilitada e muito triste após a cirurgia da própria retirada da mama. É que quando foram ao hospital disseram que já não havia mais o tratamento da quimioterapia, por conta disso colocaram-lhe na fila de espera, enquanto ela esperava a doença dela piorava, nós corríamos sempre para o hospital, mas eles não davam uma resposta positiva”.

Foi então que junto da família decidiram levar a Jizelda ao Hospital Central de Nampula. “Se eles nos dissessem logo a prior que não havia medicação ao invés de lhe colocar na fila de espera, nós teríamos procurado outras alternativas há muito tempo, mas não poderíamos reagir sem as orientações médicas, minha irmã está mal”.

Com o semblante meio cabisbaixo e olhar quase em lágrimas e com a voz já trémula, Jizelda sente que a doença parou com os seus sonhos e projectos, visto que nos últimos anos sua vida resumia-se em andar no hospital a procura da cura.

“Sinto dor, minha vida está parada, eu conseguia entrar em projectos, mas agora já não, porque tudo está parado, não só a minha vida, mesmo da minha mãe e minhas irmãs tudo está parado”.

Outrossim, apela as mulheres a estarem cada vez mais atentas aos sinais que o corpo apresenta. “Devem fazer o rastreio porque isto é uma realidade, e se eu consigo lutar até hoje é graças a minha filha, olho para ela e logo digo não vou desistir, não vou perder, não vou”.

O que diz a saúde?

Jizelda foi internada no HCN na passada segunda-feira (28/10), com um estado não muito satisfatório, pois devido a gravidade da doença que já se encontra na terceira fase, seu quadro clínico evoluiu para uma linfo-edema que está relacionado com o cancro da mama, uma das principais complicações a longo prazo entre as sobreviventes do cancro, neste caso a jovem tem o seu braço inchado e com apenas cinco de hemoglobina.

Por isso, na última sexta-feira (01), começou a receber transfusão sanguínea para depois dar seguimento aos próximos passos, tal como explicou o médico cirurgião, Vanilton Acuna.

“É justamente porque o cancro espalhou-se para a região axilar e isso está a dificultar o fluxo sanguíneo, na verdade para o próximo passo, o que nós precisamos é que ela tenha 9.5 de hemoglobina que corresponde a duas unidades de sangue”.

“Pela fase que nos chega, arisco-me a dizer que o nódulo não voltou no ano passado, apenas descobriu no ano passado, a condição dela de saúde indica que a doença iniciou há vários anos, só que passou de forma despercebida e possivelmente já estava a se espalhar para outros órgãos, dai a importância de fazer o auto exame da mama de forma regular, por exemplo para o caso dela que teve um nódulo e desapareceu, ela já devia tomar mais atenção, fazer o exame regular em ambas mamas e assim que reaparecesse  o nódulo facilmente ela poderia notar”, explica o Dr. Acuna.

Na entrevista, o médico fez saber que o caso da paciente é preocupante tendo em conta a situação em que se encontra.

“Olhamos para o caso dela com bastante preocupação pela tenra idade, uma paciente de apenas 27 anos e por aquilo que é a nossa experiência aqui no hospital são raros os casos em termos pessoas com essa idade que nos aparecem com cancro de mama, o que estamos habituados a ver são pacientes entre 40 anos em diante e raras vezes na casa dos 30 e, antes dos 30 pelo menos para mim é o primeiro caso que vejo”.

O médico recomenda aos jovens, principalmente para as que já tiveram um nódulo, a prestar mais atenção e aproximar uma unidade sanitária.

“Para pessoas que estão na puberdade entre segunda e terceira década de vida se tiver um nódulo menor que cinco centímetros o que nós fazemos é aquilo que chamamos de conduta expectante, aí não fazemos nenhuma intervenção, vamos recomendar a pessoa a fazer o autoexame da mama periodicamente para saber se aquele caroço aumentou de tamanho ou diminuiu, então possivelmente pode ser que ela não recebeu essa orientação na altura, ou que tenha sido orientada e ela não cumpriu, porque a situação que se encontra actualmente, certamente a cirurgia foi feita quando a doente estava num estado muito avançado”.

O especialista anotou ainda que o cancro da mama pode ser invasivo e não invasivo e para o caso da Jizelda, o cancro é invasivo e nessa situação o ideal seria que ela fosse submetida antes da cirurgia a uma quimioterapia.

“E depois de fazer a quimioterapia, fazer uma cirurgia, mas, entretanto, há vezes que esse procedimento não é possível por conta de alguns desafios que nós enfrentamos para cuidar de pessoas com essa doença, e em algum momento os médicos sentem-se obrigados a saltar etapas indo para a seguinte que é fazer a cirurgia para remover a mama e depois de remover ver se é possível fazer o tratamento da quimioterapia”.

Segundo Acuna, geralmente as sessões de quimioterapia devem ser feitas 30 dias depois da remoção da mama, entretanto há ainda uma particularidade e acrescenta “30 dias depois se a ferida sarar, porque se for submetida a quimioterapia antes da ferida sarar a ferida nunca vai curar”.

A fonte fez saber que o HCN conta com uma equipa multidisciplinar de tumor e câncer de qualquer natureza, os mesmos reúnem todas as sextas-feiras para saber qual será o tratamento que pode ser oferecido ao paciente.

“Entretanto para o caso dela já houve uma pequena discussão e está pendente fazer algumas análises, já esta claro que para o caso dela o cancro já se espalhou, agora resta saber para quais órgãos o câncer se espalhou”.

Enquanto isso, Mica Iassido caracteriza sua irmã como sendo uma jovem forte, visto que em nenhum momento abriu mão dos antibióticos, por isso, entende ter havido negligência por parte da equipa médica do hospital provincial de Lichinga.

Tal situação deixou a família totalmente desequilibrada tanto psicologicamente, emocionalmente assim como economicamente por isso, através deste meio de comunicação social agradece aos que muito fizeram para ajudar a jovem e pede apoio em orações e questões financeiras.

“Nesse momento nós estamos a precisar muito de orações das pessoas porque isso tem ajudado, mas também precisamos muito de apoio financeiro, visto que a doença da minha irmã é muito antiga, estamos a lutar com a doença há vários anos, praticamente a nossa economia ficou frágil devido aos tratamentos e nesse momento nós precisamos muito de apoio não temos dinheiro”. (Ângela da Fonseca)

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