Nampula (IKWELI) – A Polícia da República de Moçambique (PRM) disparou, na manhã desta segunda-feira (7), contra Membros de Mesas de Voto(MMV’s), alegadamente para dispersá–los porque estes revindicavam o pagamento de subsídios justos, referentes a fase de treinamento, recentemente terminada.
Segundo apurou o Ikweli, a insatisfação prende-se ao facto de estes não terem sido pagos o subsídio de 17 dias de treinamento para ser MMV’s, o qual, segundo disseram, é um valor previsto no manual de procedimento dos Membros de Mesa de Voto.
“O que está a acontecer aqui é injusto, nós fomos formados 14 dias, sem subsídio, então quando dizem que nós vamos ao terreno com 500,00Mt (quinhentos meticais), vamos fazer o quê? Para lanche, água, e nós lá vamos ficar três dias, é um trabalho forçado. Segundo o manual, temos que receber o subsídio, mas não estão a cumprir”, disse um dos MMV’s.
Outrossim, é que os MMV’s acham que devem ganhar um pouco, considerando a exposição e risco que o processo eleitoral coloca. “Não compensa, porque nós, cada dia, estamos a gastar ida e volta, nem água, nem para subsídio, ok, vamos levar 500,00 Mt, nossas crianças em casa, vamos deixar o quê? O STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral] não está a dizer nada, nós queremos aumento desse valor”.
Amotinados na Escola Secundária de Nampula, local onde está depositado parte do material de votação e estão coladas as listas de distribuição dos MMV’s pelas assembleias da cidade, o confronto foi inevitável. Diante de supostas ameaças da polícia, estes começaram a arremessar pedras contra a força e aos veículos que transportavam alguns MMV’s e material para os seus postos escalados, tendo quebrado o vidro frontal de um dos camiões, forçando, assim a polícia, a disparar para dispersar os enfurecidos Membros de Mesa de Voto.
“Senhor polícia a perguntar se queremos morrer…está a nos ameaçar? Vocês deveriam nos proteger, o processo é nosso, enganaram-nos, pode matar…trabalhamos 17 dias, sem nada, outros saímos do distrito”, diziam os MMV’s, que da polícia recebiam respostas como: “tem a chance de ficar calado, tem a chance de ficar calado…Vou te carregar”.
Ademais, os Membros de Mesa de Voto, ainda,queixaram-se de nomes repetidos nas listas, em detrimento de alguns cujos seus nomes não saíram enem foram alocados postos para trabalhar.
Importa referir, que até a nossa retirada, chegavam mais agentes com armas e a efectuarem algumas detenções. (José Luís Simão)