Nampula (IKWELI) – Teve lugar no último sábado, na cidade de Nampula, um debate organizado por um grupo de jovens com o propósito de falar sobre o suicídio, evento que acontece num momento que tem sido desenvolvida campanhas contra o suicídio alusivo ao setembro amarelo, mês de conscientização contra a prática.
A ocasião contou com a presença de jovens escritores, activistas e académicos, alguns que puderam contar sua história de superação e como combateram a vontade de pensar no suicídio como solução toda vez que enfrentavam um problema.
Bruno Areno, coordenador do clube de leitura ‘Olhar Literário’ em Nampula, contou que o evento surge da necessidade de disseminar a mensagem contra o suicídio nas zonas recônditas.
“Deve-se procurar mecanismos de como fazermos chegar a informação nas zonas recônditas, ter cafés filosóficos do género, não apenas na cidade de Nampula, mas também nas zonas recônditas. Para isto acontecer, muitas das vezes as dificuldades são logísticas.”
Areno mostrou, também, sua indignação quanto a falta de transmissão de informação para que os números de suicídios reduzam. “É triste saber que há instituições que não fazem chegar esse tipo de informação aos necessitados. Como vês, na própria cidade de Nampula, são poucos eventos do gênero, até agora só sei de dois, juntando com este café filosófico, e os mídia também não tem informação suficiente para poder abordar.”
Ussaimate Bimo, professor da escola secundária 22 de Agosto, que também participou do evento aconselha que “devemos viver um com o outro, aprendermos a conversar, a olhar para o outro como se estivéssemos a olhar para nós, não é apenas uma questão de oportunidade como estou a dizer, mas também aceitar o outro, termos o hábito de conversar, termos o hábito de visitar o outro, quando tu conversas, tu também deixas ficar aquilo que sentes”
Gildo Juma, estudante do primeiro ano no curso de Economia pela universidade Rovuma, conta-nos quais foram os desafios que enfrentou antes de sair da aldeia onde o mesmo residia. “Na minha opinião é possível que a falta de recursos contribua para a questão do suicídio, pois é um dos motivos que abrange mais a sociedade. Este é um problema grave, porque em algum momento nós, na zona recôndita, temos sofrido de depressão, e, em algum momento acho que o bom é aconselharmos as pessoas que sofrem de depressão por algum motivo, de perda da mãe ou um enti-querido muito amado. No meu caso eu passei por muita coisa, eu passei por circunstâncias difíceis, mas, também agora, estou a sentir uma mudança. Antes, eu achava que a minha existência era sem sentido, agora eu já noto que para me tornar na pessoa que quero, tenho que lutar, ser forte e não desistir”, contou. (Marcela Viagem)