Nampula (IKWELI) – Um total de 141 raparigas, das quais 90 do distrito de Nampula e 51 provenientes de Nacala e Nacala-à-Velha, poderão ter suas vidas melhoradas, pois, após um período de formação que teve a duração de três meses.
Na última sexta-feira (03), foram graduadas e receberam kits de autoemprego que ajudará a aumentar e promover rendas para o seu auto-sustento.
Trata-se de uma iniciativa levada a cabo pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), que em parceria com o Instituto Industrial e Comercial de Nampula e o de Formação Profissional Alberto Cassimo que, no âmbito do programa de empoderamento económico da rapariga, implementado pelo projecto Viva+, buscam identificar raparigas vulneráveis que encaminham a formação de cursos vocacionais e de geração de rendimento, de forma a que elas possam, por si só, gerir suas vidas de maneira equilibrada e saudável.
Na ocasião, as 141 raparigas beneficiaram de 35 kits que serão divididos em grupos por especialidades dos cursos feitos, nomeadamente, serralharia, electricidade, corte e costura, canalização e processamento de alimentos.
Érica Sualehe cursou electricidade, para ela foi um privilégio fazer parte da formação, uma vez que sempre foi um sonho brincar com os fios eléctricos.
“Meu sentimento é de agradecimento a FDC e ao instituto industrial, pois com esses kits poderei mostrar que nós mulheres, também, somos capazes de subir postes e resolver problemas relacionados com a corrente eléctrica e quem quiser aprender poderei ensinar isso, porque conhecimento não se nega”, disse.
Benilda Joaquim, com apenas 19 anos formou-se em corte e costura e diz que já tinha uma relação com os bordados e alguma noção sobre costura, pois sempre foi apaixonada pelos panos e a tesoura, por isso decidiu mergulhar na sua paixão.
“Quando me mostraram esse curso e com a curiosidade que eu tive, porque já tinha algumas práticas com agulhas e linhas, me esforcei muito. Não foi fácil, já sei fazer saias, vestidos, calções, uniformes e esse conhecimento vai ajudar a mim e a minha família, pois pretendo continuar para gerar minha própria renda”, comenta esta graduada, a qual apela a mais raparigas a apostarem em cursos de curta duração, justificando que os mesmos ajudam a ter habilidades práticas para desenvolver uma actividade.
Lurdes Amade, oriunda de Nacala, mostra-se agraciada pois, através do curso de processamento de alimentos, conheceu o mundo da transformação dos produtos que chegam as famílias moçambicanas.
Segundo ela, as competências adquiridas no curso poderão ajuda-la a desenvolver o seu auto-emprego como também empregar outras raparigas.
“Nós aprendemos a descascar arroz, mapira, mexoeira, entre outros. Aprendemos a moer e a emplasticar. Não tinha nem sequer noção, agora com o conhecimento adquirido vou ensinar a minha comunidade. Antes eu achava que processamento fosse um bicho de sete cabeças, mas durante o período de aprendizagem aprendi muito e agradeço bastante a FDC”.
Por sua vez, o director Nacional de Programas da FDC, Adelino Xerinda, quer que as formandas pratiquem os conhecimentos adquiridos durante a formação, de modo a conquistar um espaço no seio das suas comunidades.
“Se verificamos que no bairro há uma fuga de água, vamos nos oferecer para resolver, não precisamos ficar à espera. Se a casa da nossa vizinha tem problemas de eletricidade mostrem que podem solucionar, porque é a partir desses pequenos gestos que vocês vão se firmar dentro da comunidade e as pessoas vão perceber que podem contar convosco para resolver pequenos problemas”.
A Secretária Permanente do distrito de Nampula, Adelina Norberto, que esteve no evento, aproveitou a ocasião para apelar a FDC para estender o programa para as zonas recônditas para permitir que mais raparigas se beneficiem destas formações.
“Pedimos a FDC para que o projecto não se circunscreva apenas a cidade, mas também que possa abranger os postos administrativos com maior destaque para as localidades administrativas”, concluiu a dirigente. (Ângela da Fonseca)