Nampula (IKWELI) – A fraude generalizada é demonstrada pelos números do recenseamento publicados em Nampula após os primeiros 30 dias. Os números apresentados das cidades revelam a presença de milhares de eleitores fantasmas enquanto nas zonas rurais alguns cidadãos não se poderão recensear devido ao número reduzido de brigadas de recenseamento.
Em Malema, no ano passado registaram-se 7000 pessoas, mais do que o número de adultos em idade de votar no distrito. E, este ano, registaram-se mais 7000 pessoas – há mais 14.000 nomes nos cadernos eleitorais do que o número de adultos em idade de votar no distrito. Isto significa que mais de 12% dos eleitores de Malema são fantasmas.
O oposto está a acontecer em Memba, onde apenas 55% dos adultos se registaram até agora. Esta situação deve-se ao facto de Memba ter um número reduzido de brigadas de recenseamento. Em Memba, cada brigada é responsável pelo registo de 4000 pessoas – o número mais elevado na província de Nampula. Em Eráti, onde apenas 65% dos adultos estão registados, cada brigada deve registar 3500 pessoas. No entanto, para a província como um todo, cada brigada, em média, deve recensear 1.800 adultos.
A situação que se verifica em Nampula parece-nos ser planeada e intencional. Nos seis distritos com o nível mais baixo, cinco têm brigadas que devem registar mais de 3000 pessoas (Moma, Larde, Nacala-à-Velha, Eráti e Memba). Mas, em seis dos oito distritos municipais já se registaram mais pessoas do que o número de adultos no distrito. São eles Malema (112%), Mossuril (108%), Monapo (106%), Ilha de Moçambique (102%), Ribáuè (101%) e Angoche (100%).
Para avaliar o impacto, vamos supor que normalmente 95% dos adultos se registam. Isso significa que 81.000 fantasmas já se registaram nas zonas urbanas e mais estão a fazê-lo. Nos primeiros 30 dias, 70% dos adultos rurais recensearam-se, o que é muito bom. Mas, mesmo que o recenseamento rural atinja os 95%, isso significa que cerca de 80 000 adultos rurais não terão conseguido registar-se.
A preparação fará a diferença nestas eleições – recensear fantasmas nas cidades e colocar muito poucas brigadas de recenseamento nas zonas rurais pode fazer a diferença. Na disputa para o cargo de governador, haverá 81.000 fantasmas que votarão maioritariamente no partido no poder e, nas zonas rurais, 80.000 pessoas excluídas, muitas das quais teriam votado na oposição. Esses votos farão
a diferença. (CIP)