HCN reitera a necessidade de cuidar da saúde vocal

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Nampula (IKWELI) – Jornalistas, cantores, professores, actores, cobradores de transportes públicos e privados fazem parte de um leque de profissionais que diariamente utilizam a voz como principal instrumento no trabalho que exercem. Por isso, são chamados a ter atenção redobrada nas alterações da saúde vocal, pois a falta de cuidados pode causar doenças como o câncer da laringe.

Por isso, no âmbito das celebrações do dia Mundial da Voz, comemorado anualmente a 16 de Abril, os Serviços Provinciais de Saúde de Nampula, através do departamento de Assistência Médica está a levar a cabo, em diversas unidades sanitárias, actividades de conscientização sobre doenças que afectam a voz.

Ilídio Nhancale, responsável provincial de Fala, afecto na maior unidade sanitária da região norte, o Hospital Central de Nampula (HCN), revelou que só no ano passado, 2023, mais de 100 pacientes deram entrada no sector queixando-se de alterações na voz, são eles, professores, cantores e cobradores de “chapa-100”.

“Tivemos cerca de 102 casos, a maioria são professores, segundo lugar cantores e a outra camada, com menos casos, são os cobradores de chapa e comerciantes”.

Na ocasião, Nhancale fez saber que pacientes que, igualmente, sofrem de Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo hemorrágico são mais susceptíveis de até perder a fala.

“Neste caso é de difícil recuperação o que se faz é dar uma comunicação alternativa. Não tivemos muitos casos de pacientes que tiveram a perda total da fala, porque maior parte são de casos de AVC e são poucos casos que apanham AVC hemorrágico e sobrevivem por ser fatal, mas recebemos casos de AVC hemorrágico em que a pessoa perdeu totalmente a fala”.

De acordo com o especialista, importa também controlar o choro da criança ao nascer, isso porque é uma preparação das cordas vocais para a fala.

“Para as crianças é preciso que logo à nascença haja muita atenção na questão do choro, porque quando fazemos as consultas, uma das perguntas tem sido feita é se a criança chorou e se não faz isso, é porque perdeu aquelas habilidades ou o treino para todo aparelho fonatório que são os lábios, garganta, existe sim a disfonia infantil pode não ser por não chorar, mas adquirida, talvez por uma paralisia cerebral ou por uma outra complicação como autismo”.

À margem do dia Mundial da Voz que se assinalou nesta terça-feira (16), o HCN está igualmente a formar fisioterapeutas das unidades sanitárias da província com vista a melhorar a capacidade de respostas de pacientes que dão entrada com problemas de voz para correções imediatas.

Trata-se de uma capacitação que terá a duração de uma semana, tal como explicou Ilídio Nhancale. “A ideia é formar os fisioterapeutas que são pessoas que trabalham directamente connosco e a partir das consultas passarem a identificar os problemas de voz em diversos doentes visto que eles atendem também doentes com patologias que podem afectar a voz”.

Vânia Braquil, professora há oito anos, encontra-se a fazer a terapia de fala no HCN, a mesma disse ter descoberto a doença em Agosto do ano passado. Sem saber o que se passava, optou por recorrer a tratamentos caseiros para se livrar do problema.

“Não dei conta dessa doença, sempre pensei que fosse passar porque tomava xarope de limão, cebola e alho, mas pelo contrário, a situação só piorava. Sempre que ingere-se algum liquido saía pelas fossas nasais. Decide ir ao centro de Saúde 25 de Setembro e lá deram-me guia para hospital central. Agora com a terapia sinto que a minha voz está a voltar, os sons vocais saem em perfeitas condições”.

Quem, igualmente, encontra-se em perfeitas condições com a voz é o renomado músico local, Constantino Warila que tal como Vânia usa a voz como seu instrumento de trabalho e viu-se obrigado a procurar por um entendimento médico pois, a sua saúde vocal não se encontrava em perfeitas condições.

“Eu sou interprete e vocalista, durante o tempo do exercício do meu trabalho comecei a sentir dificuldades, a minha voz não estava a sair, tinha dificuldades para me comunicar com a família em casa. Estou agora a fazer tratamentos, encontro-me na fisioterapia da fala”.

Enquanto isso, jornalistas partilham boa forma de cuidar da voz

Olívio Mateus é jornalista e locutor na Rádio Moçambique, emissora provincial de Nampula, o mesmo tem na voz um instrumento indispensável para o exercício da sua profissão.

De forma a manter o timbre vocal em dia, Olívio Mateus opta por ingerir diariamente líquidos como água e sumos naturais.

“Água é a principal componente para limar a voz e, se pudermos ter frutas para fazer sumos naturais é melhor porque ajudam nas cordas vocais e deixam a voz com uma certa suavidade e soa sem sequer um arranhão”.

Contundo, alerta sobre a necessidade de se ter cuidados com a voz principalmente aos fazedores de rádio e televisão, “Se é profissional de comunicação é recomendável não se expor em ambientes que possam alterar a voz, pode se dar o caso de ser incumbido para uma missão de trabalho e a pessoa não estará alinhado para fazer a actividade isso porque os ouvintes não querem ouvir uma voz distorcida no rádio”.

Já Chimoio Marques, jornalista e correspondente da Televisão Miramar em Nampula, defende que a voz é uma identidade quando comparada a uma impressão digital.

“Tenho feito a minha parte para manter o tom contínuo, sem muitas alterações e isso requer que a pessoa, no caso, seja mais criteriosa quanto a alimentação e na fala”.

Marques partilhou que, recentemente, participou de uma partida de futebol como espectador e teve que apoiar os colegas da classe, na euforia do jogo, acabou por ficar com a voz rouca.

“Dia seguinte sofri muito, porque a minha voz alterou, os nossos ouvintes e telespectadores estão habituados a um certo timbre de voz e eu apareci diferente, tive que pedir desculpas e explicar a situação. Para manter a nossa voz precisamos evitar gritos e ter uma alimentação equilibrada”.

Para o escriba, urge a necessidade de procurar assistência médica sempre que se notar alguma alteração no timbre da voz, de forma a evitar situações piores.

“É importante fazer acompanhamento da nossa evolução de voz, é sempre bom ter um especialista, alguém que possa nos orientar como trabalhar, o que evitar fazer, principalmente aos colegas de rádio e televisão”.

Importa lembrar que o dia Mundial da Voz foi comemorado pela primeira vez em 2003 com o objectivo principal de promover a saúde do aparelho vocal e prevenir doenças da laringe.

Segundo Nhancale, existem alguns cuidados a ter com a voz que estão relacionados com a alimentação equilibrada rica em fibras e proteínas, beber água, prática de exercícios, fala pausada, assim como evitar gritos, consumo em excesso de álcool e dormir bem.

Este ano, o país celebrou a efeméride sob o lema “Voz Saudável, Comunicação Forte: Unidos pela Saúde Vocal em Moçambique”. (Ângela da Fonseca)

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