Nampula (IKWELI) – Os alunos da escola secundária de Napipine, nos arredores da cidade de Nampula, já não estão a gostar das barracas de venda de bebidas alcoólicas que situadas nas cercanias daquele estabelecimento de ensino público.
Se no passado os alunos aliviavam o seu stress naqueles estabelecimentos, hoje os mesmos exigem a sua retirada, porque querem focar-se mais no processo de ensino e aprendizagem.
Esse desejo não é de todos os alunos, porque há ainda uns que frequentam aquelas barracas.
O Ikweli apurou que os alunos que recuperam a moral, sobre as condições mínimas em volta de um estabelecimento de ensino, queixam-se do som alto de música provenientes das barracas, assim como a dificuldade que alguns dos seus colegas encaram para sair da vida de consumo de álcool e drogas, por conta da disponibilidade e facilidade de aquisição nas proximidades e sem controlo.
“Nós arcamos prejuízos com esses bares que estão nos arredores da nossa escola, porque não só vendem sumos, eles também vendem bebidas alcoólicas e algumas drogas pesadas, e muitos alunos acabam abandonando as aulas, não participam aulas, vida deles é ir nos bares só para se drogarem, eu como aluno desta escola gostaria que o governo velasse por esta situação, no sentido de diminuir, porque alunos acabam se desviando a pensar que é uma curtição”, comenta a aluna da 12ª classe, Delfina Fernando, de 17 anos de idade.
Valdemiro Rodrigues Gomes, também, aluno da 12ª classe, partilha o mesmo sentimento da sua colega, afirmando ser “muito triste o que está a acontecer, porque há alunos que saem de casa dos seus pais, alegando que vão para escola, mas não entram na sala de aula, só vão para os bares para beber”, por isso “se há essa possibilidade deviam remover esses bares, porque não fica nada bem estarem próximo à escola, porque acaba desviando alunos”.
Esta fonte recorda-se que o seu colega teria vomitado, em plena sala de aulas, por conta do consumo de álcool.
“Gostaria que o governo fechasse os estabelecimentos de venda de drogas e bebidas alcoólicas, no sentido de tirar os alunos que já estão viciados”, pede o aluno Ali Daúde Saíde, entende que a serem encerrados estes estabelecimentos minimizar-se-á o risco de outros alunos se viciarem, pois quando se drogam perigam o ambiente escolar, chegando vezes em que até professores são ameaçados.
A aluna Dima Manuel, da 8ª classe, conta que já sofreu ameaças por parte de colegas drogados, os quais pretendiam apoderar-se do seu telefone celular.
A preocupação é, também, da escola
O director daquele estabelecimento de ensino, António Francisco Muarussi, anota que a situação é preocupante e que, nalgum momento, perturba o curso normal das aulas.
“Essa situação é muito triste, acaba nos criando dificuldades em termos das aulas”, comenta, prosseguindo que “estamos a trabalhar no sentido de ver se podemos reduzir os casos de alunos drogados, torna-se difícil fazer a contagem dos alunos drogados cá no recinto escolar, mas selecionamos um grupo de pessoas para questões de vigilância, até que o aluno pode entrar embriagado, mas não se demonstra tanto porque acabamos tirando o aluno para o recinto escolar”.
É desejo do director da escola secundária de Napipine que pais e encarregados de educação sejam mais vigilantes quanto ao comportamento dos seus filhos, de forma a ajudar a escola no combate a este fenómeno.
E os pais e encarregados de educação?
Estes entendem que a situação tende a agravar-se nos últimos tempos, sobretudo com o envolvimento de adolescentes.
“É de lamentar a situação, porque maior número de bares que estão nos arredores da escola vendem bebidas alcoólicas e isso não é benéficos para os alunos, porque acabam se desviando”, disse Nelson Armando, encarregado de educação, apelando aos vendedores para que não comercializem bebidas alcoólicas aos alunos.
Fáusia Momade, também encarregada de educação, revelou que o seu educando sempre que regressa da escola chega no estado de embriaguez. “Meu filho também está no mesmo caminho, sempre que volta da escola chega a cheirar cigarro ou mesmo bebidas alcoólicas, sempre recebo queixas dos colegas que ele não entra na sala de aula, fica pendurado nos bares com seus amigos, quando tento lhe concentrar me bate”.
Nosso trabalho é vender
O Ikweli conversou com alguns proprietários e atendentes nos referidos bares, os quais afirmam que a eles só lhes cabe vender os seus produtos e mais nada.
“Esses mesmos que vêm comprar bebidas, quando estão na aula, eu não sou culpado, porque o meu objetivo, eu como comerciante, é de vender para conseguir alguma coisa para sustentar a minha família. Não posso deixar de vender ou impedir os alunos comprar minha mercadoria porque posso entrar em prejuízo”, afirma o comerciante Armando José e questiona “será que eles não sabem que isso é prejudicial para eles?”.
Esta fonte concluiu que “eu estou a exercer a minha atividade de venda há 10 anos, então não vou aceitar abandonar o local e nem desistir do meu trabalho, então se o governo quer que eu saia do local arranje um sítio, onde eu possa estar a vender e deve ter movimento de clientes no local, só assim posso sair da escola”.(Virgínia Emília)