Nampula (IKWELI) – Os líderes religiosos de África são unânimes em denunciar que a causa de conflitos e sofrimento que continente tem vivido, nos últimos anos, está relacionada com a exploração da mineração e recursos naturais nas suas diversas componentes.
A denúncia foi feita recentemente, à margem de um simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SCEAM), realizada de 8 a 10 do mês em curso em Acra, capital de Gana, com o tema: “Conflitos em África no Contexto da Exploração dos Recursos Naturais e Minerais”.
Trata-se de uma conferência que contou com presença de cerca de 40 participantes, incluindo bispos, padres e leigos.
Num comunicado enviado a redacção do Ikweli, o Arcebispo de Kinshasa e Presidente do SCEAM, Fridolin Cardeal Ambongo, destacou o cenário contraditório em que investimentos estrangeiros significativos em petróleo, gás, mineração e recursos naturais não estão a beneficiar de forma adequada as populações locais do continente.
Por isso, o Cardeal Ambongo enfatizou a necessidade urgente de a Igreja em África adoptar uma abordagem pastoral da ecologia integral e da conversão ecológica nutrida pela Doutrina Social da Igreja, especialmente em relação às indústrias extrativas.
Lê-se ainda no comunicado que, deve haver maior envolvimento de profissionais jurídicos e de mídia no monitoramento da exploração de recursos naturais para que haja uma educação aprimorada sobre ecologia integral.
Já, o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, um participante e parceiro-chave deste seminário, instou a Igreja em África a reforçar seu compromisso com a abordagem de questões que visam aliviar o sofrimento do povo causado pelos conflitos e guerras.
“Como enfatizado pelo Presidente do SCEAM, o objetivo principal é garantir que os abundantes recursos da África contribuam para o desenvolvimento econômico, beneficiem a maioria de sua população, promovam a paz e aliviem a pobreza”, lê-se.
Importa referir que na introdução do seminário, os líderes socorreram-se da mensagem proferida pelo Papa Francisco durante a sua visita apostólica à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro do ano passando, onde o mesmo implorou, “Mãos fora de África! Parem de sufocar a África: não é uma mina a despojar nem um terreno a pilhar. Que a África seja a protagonista de seu próprio destino!”. (Ângela da Fonseca)