Manifestação da Renamo afectou o comércio e a educação na cidade de Nampula

Nampula (IKWELI) – Alguns comerciantes informais e munícipes da cidade de Nampula, afirmam que as manifestações do partido Renamo, que tiveram início na última terça-feira (17), contra os resultados eleitorais de 11 de outubro, que dão vantagem a Frelimo, estão a afectar o funcionamento normal da actividade comercial nos principais mercados da urbe.

Segundo os nossos entrevistados, não há livre circulação dos munícipes, os eventuais clientes, devido ao medo da manifestação transformar-se em actos de violência, uma vez pouco depois das eleições, supostos membros da Renamo foram dispersos por agentes da unidade de intervenção rápida, usando gás lacrimogéneo que culminou em vítimas não afiliadas em qualquer partido político.

Juma José, comerciante há 10 anos numa das ruas da cidade de Nampula, disse que desde terça-feira não consegue vender os seus produtos devido ao medo “desde o início desta marcha até hoje, como comerciantes deste círculo eleitoral não estamos a ver nada e quando despedimos as nossas famílias informamos que vamos trabalhar para conseguir pelo menos duas refeições diárias, mas quando isso não acontece é um prejuízo para e todos os outros comerciantes desta praça porque há fraco movimento dos clientes por causa da manifestação”.

Juma José esta ciente que o cliente também tem medo da violência que possa advir da manifestação ” onde há manifestação, há guerra e por isso as pessoas nos vários bairros evitam passear pela cidade com medo de sofrerem qualquer tipo de violência. Dizem que o processo eleitoral é uma festa para os munícipes e cidadãos, mas aqui na cidade de Nampula a coisa está diferente e não sabemos quando isso vai terminar porque estamos preocupados”.

Matano Paulo é outro vendedor das ruas de Nampula que reclama da falta de clientes nestes dias que a Renamo convocou manifestações em repúdio aos resultados eleitorais e diz que, “o negócio está parado por causa do barulho que envolve o processo eleitoral. Hoje quando cheguei não consegui revender nenhum produto porque não existe movimento dos clientes, mas em algumas lojas é notório o movimento de pessoas ou clientes. Recentemente, no mercado novo lançaram gás lacrimogénio que feriu alguns vendedores informais e por causa disso muitos de nós que praticamos essa actividade estamos com medo”.

Segundo as fontes, a manifestação do partido Renamo contra os resultados eleitorais, também está a comprometer os serviços de táxi-mota, os quais reclamam da falta de clientes, porque poucas pessoas saem das suas casas. “As pessoas não estão a sair das suas casas para a cidade ou para fazer qualquer outro tipo de compra ou destino, porque têm conhecimento da marcha que decorre aqui no centro da cidade. E isso, gera o medo e como taxista afirmo que a circulação reduziu muito e o prejuízo é maior para mim porque dependo desta actividade para sustentar os meus filhos”, reclamou Jaime José.

Os nossos entrevistados, apelam aos membros e simpatizantes do partido Renamo a não recorrer a violência como forma de resolver os problemas resultantes das últimas eleições autárquicas.

Enquanto isso, alguns pais têm receio de levar as crianças à escola

Em algumas escolas da cidade de Nampula, alguns alunos estão quase há uma semana sem frequentarem as aulas, porque os pais e encarregados de educação, tiveram medo das manifestações levadas a cabo pela Renamo em repúdio aos resultados eleitorais.

Há escolas do sector público e privado na cidade de Nampula, que registam, fraca participação dos alunos por temerem violência em resultado das manifestações.

A título de exemplo, a Escola Primária Completa (EPC) 01 de Janeiro, localizada no populoso bairro Namicopo, teve na última quarta-feira, (18) apenas 50 alunos de um universo de 327 (trezentos e vinte e sete) inscritos.

O director daquela EPC, Ali Bolacha Wereia, disse em entrevista ao Ikweli que o medo também abrangeu os professores, porém os contactos permanentes contribuíram para que se fizessem presentes com vista a cumprir o seu dever, pese embora, muitas crianças não estejam ainda a ir à escola.

“Esta situação nos preocupa-nos muito, desde as eleições o número de crianças que veio a escola reduziu, não aderem em massa como nos dias anteriores, alguns encarregados de educação não deixam os seus filhos a sequer saírem de casa, mas tudo isso é por medo, uma vez que os políticos entram na cidade com violência” lamentou.

Por outro lado, Maria João, de doze anos de idade, que frequenta a 5ª classe naquele estabelecimento de ensino, afirmou que ” tenho medo de sair de casa, por causa de balas, um dia a polícia baleou pessoas da Renamo aqui no bairro de Namicopo”, justificou.

Adelina Adelaide, mãe e encarregada de educação, de cinco filhos que estudam naquela escola, disse que esta situação pode atrasar a aprendizagem das crianças. ” é triste saber que a nossa cidade está a enfrentar esta situação que coloca em risco as nossas vidas”.

O jornal Ikweli constatou que as EPC’s de Namicopo, 7 de setembro e da Cerâmica, também vivem a mesma situação de fraca participação de alunos nos últimos dias por conta do medo. No entanto, os responsáveis daqueles estabelecimentos de ensino não quiseram ceder-nos entrevistas alegando não terem autorização para falarem à imprensa. (Nelsa Momade e Virgínia Emília)

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