Nampula (IKWELI) – Olívia de Oliveira é uma jovem estudante, de 20 anos de idade, com uma história de superação de realce, desde o preconceito, a separação de seus pais, assédio sexual e tentativa de rapto, tudo por ser uma pessoa com problemas de pigmentação de pele, vulgarmente conhecido como albino.
A triste história da jovem Olívia começa com a separação dos pais que não são albinos. No entanto, além dela, o irmão mais velho é igualmente uma pessoa com problemas de pigmentação de pele, contudo, a separação veio acontecer logo após o seu nascimento, isso porque a família do seu pai não quis aceitar mais uma neta com albinismo.
“Minha mãe primeiro teve um filho albino que teve aceitação com dificuldades, depois teve dois não albinos e quando teve a mim, meu pai se separou dela. E eu fiquei a saber que meu pai se separou dela quando eu nasci por ser a segunda filha albina e a família do meu pai não quis aceitar”, disse a jovem, que explicou ter superado graças ao amor que recebia de sua mãe e irmãos.
Em 2017, quando frequentava a 11ª classe, no ensino secundário, de Oliveira quase foi sequestrada, por um senhor que se apresentou como alguém que terá sido seu professor no ensino primário.
Mas o pior não aconteceu, porque no dia, a jovem tinha uma apresentação e, “eu deixei ele na biblioteca com o meu celular, confiei nele porque ele disse que foi meu professor e sabia tudo de mim, desde aonde eu vivia, a minha turma, o meu horário de entrada na escola, por isso que não desconfiei. Expliquei a ele que tinha uma defesa de Inglês”.
A nossa fonte disse que quando terminou a defesa foi a biblioteca para ir ter com o suposto professor, mas quando lá chegou, uma surpresa: “ele já não estava lá, havia levado o meu celular e esse foi o pior erro da vida dele, porque foi através do rastreio que conseguimos chegar até ele, junto da sua quadrilha, foi ai que eu descobri que se tratava de um bandido, não sei o que teria acontecido comigo se eu tivesse saído com ele”, afirmou a jovem com a cabeça virada para baixo.
Já no seu segundo ano de faculdade, na UniRovuma, Olívia foi vítima de assédio sexual, que era perpetrado por jovens que, a mesma não soube explicar se eram colegas de escola ou não, pois os abusos sempre aconteciam do lado exterior do recinto.
“No ano passado, já no segundo semestre um jovem chamou-me, isso na cantina da escola, para dizer que gostava de mim e que queria namorar comigo, mas eu recusei. Penso que isso foi o pior erro da minha vida, porque o jovem e os amigos já não me deixavam em paz, eu era perseguida todos os dias e me diziam: só porque és albina estás a te fazer, quem você pensa que é, verás o que vai te acontecer,encostavam-me na parede e me intimidavam, todos os dias”.
Durante a entrevista, a nossa fonte lembrou de um episódio que a fez parar de ir a faculdade, durante todo o semestre. “Eles vinham todos para cima de mim e diziam: Se fores a queixar vamos saber porque estarão a te acompanhar e no dia que estiveres sozinha vamos te pegar e fazer tudo que não conseguimos, eu acabei ficando em casa por medo e perdi o semestre”, lamentou.
Mas porque a mesma nunca se deixou levar, ergueu a cabeça e decidiu enfrentar a situação denunciando o caso a direção da universidade, “mesmo não sabendo se eram colegas da escola, fomos denunciar, isso depois de muito tempo, depois que eu perdi o semestre. A direcção decidiu mudar o meu turno, agora estou a estudar de noite, não estou mais no laboral e essas perseguições pararam. Eles me encurralavam quando eu estudava no laboral. Essas perseguições só aconteciam comigo, porque no período em que eu estudava eu era a única albina da faculdade”.
De Oliveira é uma jovem albina que ostenta uma beleza natural, foi por isso que em 2021 conseguiu trabalho como modelo em uma das agências da cidade de Nampula. A menina viu uma oportunidade de mostrar que as pessoas com problemas de pigmentação de pele, também, podem ser modelos como os outros.
A sua beleza trouxe-lhe vários contratos com empresas de renome. Recentemente teve que cancelar uma sessão de fotos com uma das empresas de renome, tudo porque o empresário quis tê-la em sua cama, justificando que “queria sentir como é fazer sexo com uma mulher albina. Ele enviou-me essa mensagem e eu encaminhei para o director da agência onde eu trabalho que de imediato cancelou o contrato com ele e levou o caso as autoridades”.
Olívia de Oliveira é uma de muitas jovens albinas que vivem neste dilema, de ter que fugir de tudo e todos, tudo porque a sua pele tem falta de melanina e, é vista como fonte de riqueza para pessoas que acreditam em superstições. (Ângela da Fonseca)