Nampula e Lichinga já podem produzir próteses localmente

Nampula (IKWELI) – Nove técnicos dos serviços de medicina física e reabilitação das províncias de Nampula e Lichinga, no norte do país, beneficiaram de uma formação que teve a duração de quatro dias (05 a 09), do mês em curso, sobre novas técnicas de fabrico de próteses e montagem de cadeiras de rodas para pessoas com deficiência.

Trata-se de cinco profissionais de saúde do Hospital Central de Nampula (HCN) e quatro do Hospital Provincial de Lichinga, no Niassa, que na passada sexta-feira (09), receberam o certificado de participação por terem sido formados em matéria de fabrico de próteses, uma actividade que contou com a iniciativa e apoio da SwissABILITY, uma organização suíça sem fins lucrativos que visa criar uma colaboração entre parceiros locais, doadores e voluntários para provocar uma mudança na vida das pessoas mais vulneráveis e das suas comunidades através da reabilitação física, da formação e da criação de meios de autossustentação.

Alves Domingos, responsável dos serviços de Ortopedia no HCN, sente-se satisfeito por ter feito a formação, justificando ser uma inovação que os técnicos precisavam para dar vazão aos diversos desafios do sector.

“Estou feliz e continuo a reiterar que vamos continuar com as actividades de acordo com o fornecimento do material, porque aquilo que é os recursos humanos em termos de tecnologia já estamos habilitados”, disse.

Apesar de já estarem habilitados, Alves Domingos disse que apesar da capacitação, o sector carece de material próprio para a fabricação das próteses, o que de alguma forma poderá comprometer na qualidade dos produtos que serão produzidos.

“O problema não vem só do material, porque podemos até ter o material e não ter a maquinaria para usar e isso faz parte das nossas dificuldades. O equipamento instalado é muito antigo, dos anos 90, é obsoleto e tem várias paragens e em algum momento pode comprometer o nosso trabalho”, explicou.

Por sua vez, Elizabete Cumaio, do Hospital Provincial de Lichinga, afirmou igualmente que a questão do material para a fabricação das próteses continua um desafio, o que constitui um calcanhar de Aquiles.

“Nós não temos matéria, muito menos este que é de nova tecnologia, então estou feliz pela formação, mas de mãos atadas porque os doentes continuarão a ser transferidos para Nampula ou até mesmo Maputo para poder ter uma prótese, ou então se poder ter o material nós podemos fabricar, porque já estamos prontos”, afirmou.

Por outro lado, o Director do HCN, Cachimo Molina, disse que a parceria com a SwissABILITY vai ajudar na produção de próteses para apoiar as pessoas que têm dificuldade de se locomover.

“Com às técnicas que foram ensinadas hoje já será possível fazer a produção dentro da nossa unidade sanitária, deste que tenhamos o material e esse é o desafio que vamos ter. Conseguimos ver de antemão que com as técnicas é possível dentro de três horas produzir uma prótese e entregar a um deficiente que chegue na nossa unidade sanitária e assim penso que por dia será possível atender quatro a cinco pessoas com essa condição. O que temos que fazer, em conjunto, é lutar para que tenhamos o material”, disse Molina.

Segundo Molina, o número de pacientes que dão entrada no HCN por acidente de viação aumentou, revelando que por dia o hospital recebe mais de 50 pessoas vítimas de acidente que culminam com amputação de um membro.

“Principalmente nos finais de semana e muitos deles acabam ficando no leito hospitalar, principalmente nos serviços de cirurgia e ortopedia e quando saem desse local carregam sequelas que tem como resultado a amputação da perna. Queremos incentivar aos nossos parceiros a continuar com o apoio”, anotou o dirigente”.

Na ocasião, um total de 10 pacientes do HCN, entre crianças e adultos, tiveram o privilégio de receber próteses de alto rendimento oferecidos pela SwissABILITY.

Djindji Djano é um menino de 11 anos que sofreu um trágico acidente na via pública, que mudou a sua vida por completo. Ele conta que foi atropelado e, na altura tinha 7 anos de idade.

Djano explicou ao Ikweli que a prótese irá ajudar muito na sua locomoção. “Esta prótese é simples e não pesa, com esta sinto que vou poder correr não como antes quando tinha as pernas, mas vai me ajudar”.

Por sua vez, o Director Executivo da SwissABILITY, Roberto Agosta, explicou que os técnicos já tinham sido formados na área, sendo que neste momento, a capacitação tinha em vista dota-los de novas ferramentas tecnológicas de nível superior.

“Eles têm formação, o único problema é a falta de material, tivemos que trazer gesso de Maputo porque aqui não tinha para fazer os próprios moldes dassas próteses, por isso, há necessidade de dar uma continuação porque existem técnicas que devem ser implementadas”.

Durante o encontro foram entregues ainda 20 carrinhas de roda a crianças de Maratane, Corane e Namialo, respectivamente. (Ângela da Fonseca)

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