Mossuril (IKWELI) – O fenómeno da erosão costeira no distrito de Mossuril, na província de Nampula, constitui uma ameaça para o meio ambiente, incluindo infra-estruturas públicas e privadas.
Segundo apurou o Ikweli, os postos administrativos de Chocas Mar, Matibane e Lunga são os mais afectados, incluindo a vila sede, onde as instalações do Governo do distrito, também, estão em risco de serem engolidas pelas águas do mar.
A igreja da paróquia da Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro de Namiripe, no posto administrativo de Chocas Mar está, também, em perigo, e caso medidas não sejam tomadas para reverter o cenário a mesma poderá desabar.
Larison Mulipiha, residente de Namiripe, diz que “vivo neste bairro desde 2009 e antigamente havia um murro de vedação que protegia as nossas casas da erosão provocada pela água do mar”, mas a “chegada das tempestades trouxe grande preocupação e deixou as nossas casas em risco”, tanto é que “gostaríamos que o nosso governo pudesse trazer meios para minimizar o problema que vivemos”.
“Estamos cientes do perigo e nos sentimos ameaçados com isso. Os nossos filhos quando vão brincar correm o risco de caírem nas covas provocadas pela erosão, apesar de proibi-los a brincar fora do quintal da casa”, narra Rosa Viagem, também, residente de Namiripe.
O padre Cabral Gustavo, da paroquia Nossa Senhora da Conceição de Mossuril, não esconde a sua preocupação e diz que a erosão é uma preocupação que está acima das capacidades da paróquia, por isso pede apoio a todos para que os patrimónios ali existentes sejam protegidos.
“Com a vinda do ciclone tropical Kennedy e Gombe, piorou a situação de erosão e o próprio teto da igreja precisou de uma reabilitação e fez se algum trabalho”, começa por explicar o clérigo, prosseguindo que “a erosão está acima da nossa capacidade e estamos muitos preocupados e batemos algumas portas para conseguir ultrapassar ou impedir a situação e até então não temos a solução. Acreditamos que o governo tenha conhecimento da erosão e sem dúvidas a igreja pode se destruir”.
Esta fonte religiosa entende que o governo está apático perante a situação, e que “a outra igreja que é a da Cabeceira Grande, que pertence o património do Estado, também está em risco e nós como igreja não sabemos se podemos avançar ou esperar a eles. No total são duas igrejas em risco de destruição”.
Entretanto, o chefe da repartição de Gestão Ambiental nos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas de Mossuril, Abdul Jamal, refere que uma das principais causas da progressão da erosão é a invasão do mangal pela população.
Esta fonte governamental anota que o tem promovidos acções de sensibilização para que a população pressione pouco o uso dos mangais, porque uma intervenção técnica e mais robustas será onerosa e que o governo local não dispõe de fundos para o efeito.
“A construção de salinas foi abatendo o mangal”, esclarece o nosso entrevistado, que associa, também, o abate de mangal para fins de construção de habitação.
“Temos uma igreja muito emblemática para Moçambique, ela está, na verdade, no canal marítimo e foi construída com engenharia da era do colono. É uma infraestrutura com grande problema, isso acontece numa altura em que houve abate de muitos mangais”, concluiu Abdul Jamal. (Nelsa Momade)