Namialo: Deslocados queixam-se da falta de apoio alimentar

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Nampula (IKWELI) – As famílias deslocadas devido aos ataques terroristas na província de Cabo Delgado e que ainda se encontram acolhidas nos 18 bairros da circunscrição administrativa de Namialo, no distrito de Meconta, em Nampula, queixam-se da falta de apoio alimentar por parte do governo e das organizações humanitárias.

Segundo contaram ao Ikweli, a situação é grave nos últimos quatro meses, sendo que enfrentam fome, até porque conforme os seus relatos, a última distribuição não teria sido abrangente, e, fez com que maior parte deles não tivessem se beneficiado do milho, arroz e óleo alimentar alocado pelas autoridades.

Ancha Jimu, deslocada do bairro Unidade, em Mocímboa da Praia, ainda não decidiu regressar, primeiro porque considera não haver paz efectiva, segundo a família não tem dinheiro e do pequeno negócio que faz (venda de peixinhos) apenas serve para alimentação e pagamento da renda da casa.

Segundo ela, as autoridades e seus parceiros estão há quatro meses que não alocam comida para as famílias deslocadas em Namialo, sendo este facto motivo de grande preocupação. “Costumamos receber quando o apoio vem, mas nestes meses, três ou quatro meses, não. Vivemos a maneira e devido a minha doença, não trabalhamos a terra eu e o meu marido”, contou afirmando que a família chegou em 2020 e é composta por sete pessoas.

Mais adiante justificou que o regresso da família está dependente das condições de segurança na aldeia onde inicialmente vivia, mas também do dinheiro para custear o transporte, sendo que se tivesse recebido o apoio alimentar, uma parte iria vender para regressar. “Não sabemos ainda”, respondeu quando questionada sobre a perspectiva de regresso, prosseguindo que “só depois da guerra ser declarada que terminou, mas assim mesmo, não”, garantiu lembrando que a família era proprietária de um viveiro de 500 conqueiros e 600 cajueiros na região de Quitico, no distrito de Palma.

Samine Anlawe, que também fugiu de Mocímboa da Praia, concretamente no bairro Milamba, ainda guarda as dores de fugir em sua própria casa ao ter passado por Mueda e mais tarde até Namialo, no bairro Triângulo. Conforme as sua declarações, a família tem neste momento sete pessoas, sendo o grande desafio a alimentação, pior ainda não trabalhou a terra por falta de dinheiro para alugar uma parcela que ronda entre 300,00Mt (trezentos meticais) a 1000,00Mt (mil meticais) por época.

Esta fonte manifesta preocupação devido a falta de provimento alimentar. “Há grande problema em termos de receber comida, passa muito tempo, não sabemos, talvez porque existe muita gente deslocada, mas não sei se foi em Novembro que recebemos. Não temos machamba, porque eles alugam 300,00Mt, 500,00Mtou 1000,00Mt por época, no primeiro ano qua chegamos alugamos, mas o problema foi de roubo. Tínhamos dinheiro, fizemos negócio, mas foi abaixo”.

Situação idêntica foi, igualmente, manifestada pelo jovem Joaquim, residente no mesmo bairro de Triângulo que com outros membros da família fugiu de Muambula, distrito de Muidumbe, quando os terroristas lançaram ataque à sua aldeia. “Temos problemas de comida esses dias, não dão comida, pelo menos neste bairro Triângulo A, dizem que temos de ir em casa, porque a pessoa que dá apoio está a ver os que sofreram de ciclone noutras áreas”.

O Líder Comunitário, Jaime Francisco, explicou ao Ikweli que “este caso surge na medida em que os distribuidores não seguem à sequência, distribuem até resta sete à oito bairros, mas na distribuição seguinte eles não dão continuidade é daí que as pessoas vão noutro bairro e mudam nome”, acrescentando que “muitos acabaram de ir em casa forçosamente devido a falta de apoio”.

Comentado o suposto esquema de roubos, Jaime Francisco disse que “aqui no bairro não conseguimos identificar porque existem muitos bairros, mas não sabemos porquê a quantidade não chega, porque os donos contam e quando chega aqui não chega como?”.

No bairro Triângulo, em Namialo, vivem neste momento mais de 1270 pessoas dos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Palma, Nangade, Chiúre e Ancuabe. (Redação)

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