Crianças passam por dias difíceis em Nampula

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Nampula (IKWELI) – Celebrou-se ontem, 1 de Junho, o Dia Internacional da Criança. Na cidade de Nampula, maior centro urbano do norte de Moçambique, a situação deste grupo etário não tem sido das melhores.

Um pouco por todas as ruas da cidade há crianças envolvidas no comércio informal, sobretudo na venda de produtos alimentar, dentre fresco para consumo imediato e os confeccionados.

A maior são meninas, da idade compreendida entre os 12 e 16 anos, as quais, também, acabam por ser exploradas sexualmente por pessoas de má-fé, segundo apurou a nossa reportagem.

  1. Adamo, de 14 anos de idade, conta que, por muitas vezes, teve de se entregar a guardas para poder ter algum dinheiro para cobrir a parte do seu produto que não foi comprado.

“Perdi a virgindade aqui mesmo na rua”, começa por contar a menor, prosseguindo que “foi ali na zona dos CFM que um senhor me chamou para uma esquina, me deu 50,00Mt (cinquenta meticais) e mandou tirar a roupa. Fez as coisas dele e depois foi embora. Eu fiquei com dores por quase um mês”.

A mesma fonte conta que “depois disso descobri que podia sofrer menos, porque quando os meus produtos sobram a minha tia lá em casa me zanga muito. Então, eu espero anoitecer pouco para ir ter com aqueles titios e me dão 200,00Mt ou 150,00Mt e coloco no lixo a sobra do produto, mas em troca eles costumam a me usar como querem”.

História como dessa menor são recorrentes, tal como apuramos na entrevista que fizemos com a B. Timóteo, de 15 anos de idade. A qual conta que “aprendi a andar limpa, porque sempre que começa a escurecer a um tio que nos chama. Faz o que quer e nos dá dinheiro. As vezes nos chama duas ou três meninas, mas nós não nos importamos porque o que queremos é não sermos insultadas em casa”.

“Eu comecei a andar na rua quando tinha 11 anos. Vim de Nacarôa para aqui para estudar, mas quando cheguei me entregaram uma bacia de bolos para ir vender. Quando era mais nova, antes de abrir os olhos, sofria muito. Os bolos nunca acabavam e quando voltava para casa a minha tia me batia muito. Agora que sou mulher isso não me acontece, porque consigo arranjar dinheiro e fechar a parte do produto que não vendi”, disse a nossa entrevistada.

Este fenómeno é da percepção de outras crianças, ainda que não sejam vítimas, mas clamam pela intervenção de quem de direito.

Ernestina Sílvio, uma das crianças que falou sobre o tema, acredita que os violadores são pessoas com informações sobre o mal, e mesmo assim continuam ignorando, dai que aquela pequena julga ser preocupante, visto que no seu entender violar ou abusar a criança é estar contra os projecto de uma nação.

“Eu quero pedir aos titios que abusam as acrianças para poderem parar, porque é muito feio ouvir que uma criança foi violada com um senhor de 46, e as pessoas que fazem esse mal devem saber que nós como crianças temos direitos de viver a vontade, estudar, brincar para depois decidir o nosso sonho sem que haja impedimento de alguém que quer roubar a nossa alegria”, disse a menor.

Uma outra criança que falou ao Ikweli na praça dos Continuadores mostrou-se preocupada com o futuro incerto de outros menores, por isso mesmo pede ao Governo para cada vez mais zelar pela criança.

O administrador de Nampula, Abdurremane Selemane, anotou que o bem-estar da criança deve ser prioridade de todos. (Redação e Malito João)

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