Malema (IKWELI) – Os mais de 100 (cem) funcionários e agentes do Estado em greve no conselho autárquico da vila de Malema, em reivindicação dos dois meses de salários em atraso incluindo o 13° vencimento, garantem reabrir as portas da instituição apenas após o pagamento do que lhes é devido.
Na última terça-feira (14), aquele grupo de funcionários, encabeçados pela polícia camarária local, decidiu por encerrar todas as portas das instituições ligadas a edilidade, incluindo o próprio edifício sede, de forma a pressionar o governo autárquico liderado pelo partido Renamo a pagar os ordenados em atraso.
A reportagem do Ikweli esteve na vila de Malema, onde notou que estão em greve, quase, funcionários de todos os sectores, desde a secretaria, urbanização, actividades económicas e planificação.
“Estamos aqui a manifestar por atraso de pagamento dos nossos salários de três meses e décimo terceiro do ano 2021, mas antes tivemos reunião com o presidente do conselho municipal e ele nunca traz uma solução”, disse Argentino Pinto, um dos funcionários que aderiu a manifestação, afirmando ainda que “esta revendição é feita por 100 funcionários e todos nomeados e estamos aqui a revindicar os nossos direitos, porque a vida hoje não está fácil para ninguém e sem contar que todos nós temos famílias por sustentar”.
“Vamos abrir as portas quando formos pagos os nossos salários. O presidente tem o seu gabinete dentro da sua residência há um ano, e quando alguns documentos carecem de assinatura são levados para lá e nós não sabemos porquê isso está a acontecer”, disse ainda esta fonte.
Felizarda Severino, outra funcionária em greve, explica que a direcção da edilidade sempre conta que “as finanças ainda não mandaram dinheiro e cada semana garante nos pagar, o que não acontece”.
O governo do distrito de Malema encara com preocupação a greve dos funcionários do conselho autárquico da vila sede, e no entender do administrador Morchido Momade, tal se deve a um défice de gestão por parte do presidente do município.
“A volta disso tudo, é necessário que o município opte por uma gestão mais transparente que não prejudique os funcionários e, acima de tudo, olhe o salário como um direito adquirido, então não vale, para nós, pelo menos aquilo que é nossa posição, que o município hoje venha dizer que não conseguiu pagar, porque todo ano de 2022 recebeu todos os fundos”, disse Momade, deduzindo que “a nossa resposta perante este cenário só chegamos a conclusão de que o município está com uma gestão deficitária, se não tivesse gestão deficitária, porque uma edilidade que recebeu todo fundo no ano passado e agora recebeu no mês de janeiro e nem sequer pagou salário em atraso, só podemos ter uma resposta que está possivelmente haver o desvio de aplicação”.
Morchido Momade explica que tem vindo a desenvolver contactos com a edilidade no sentido de mediar o imbróglio. “Na verdade, houve uma tentativa do lado do governo do distrito de Malema de interagir com o conselho autárquico na pessoa do presidente, mas esta negociação não começou hoje, foi no mês de Dezembro de 2022, porque nós já tínhamos conhecimento do atraso dos salários, no âmbito da tutela administrativa que o Estado exerce, mostramos aqueles a nossa abertura para saber quais eram as dificuldades que o município estava a enfrentar, mas em resposta o município disse que não prestava contas ao governo do distrito, então vimos que havia algum equívoco em termos de perceber aquilo que é plasmado na lei, tendo em conta que ao nível do distrito nós representamos, inclusive, o poder central”. (Nelsa Momade)