Namapa: Apenas 2.728 dos mais de 33 mil deslocados já receberam assistência do Governo

Nampula (IKWELI) – A nova onda de ataques terroristas a sul da província de Cabo Delgado resultou em mais de 33 mil novos deslocados, os quais procuram por ambientes de segurança na vila de Namapa e no posto administrativo de Alua no distrito de Eráti, na província de Nampula.

Este novo cenário coloca desafios ao Governo, o qual deve prover meios para garantir assistência humanitária a essas pessoas, cuja maioria é constituída por crianças e mulheres.

É neste quesito que até a última terça-feira (27), o Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD) tinha conseguido assistir, apenas, 2.728 deslocados, dos 33.202 deslocados.

A delegada do INGD em Nampula, Anacleta Botão, disse, a margem de uma reunião de coordenação de parceiros de assistência humanitária, que o governo, também, anda preocupado com a eclosão de doenças de origem hídrica, sobretudo diarreias, no seio do grupo dos deslocados.

“No âmbito dos deslocados internos, foi possível o governo fazer a resposta e até então 2.728 pessoas foram assistidas pelo governo, através do INGD, e o PMA [Programa Mundial de Alimentação] está a fazer a parte complementar, tendo até então feito a assistência à 670 famílias. Temos alguma contribuição já declarada de alguns parceiros e aguardamos a qualquer instante mais contribuições”, disse Botão, que anota estarem em curso no terreno acções de monitoria e do registo.

A fonte reforçou ainda que “estamos a discutir a possibilidade de instalação de abrigo temporário”, mas que “várias são as questões que estamos a aferir para termos uma decisão final”, pois “a partir do dia 21 do mês de fevereiro começamos a ter entrada massiva dos deslocados oriundos de Chiúre que se abrigaram no distrito de Eráti”, onde “até então contamos com 33.202 deslocados internos”.

Igualmente, para fazer face as doenças, Anacleta precisou que “já foram criadas brigadas móveis para fazer-se o rastreio das doenças que já estão no local, e contamos com mais reforço na assistência humanitária, alimentar, saúde e água e saneamento”.

Manuel Rodrigues, governador de Nampula, que participou da referida reunião, reconheceu ser preocupante e urgente a providência de ajuda aos deslocados, acreditando que o número assistido é ainda muito pouco.

“É verdade que estamos a trabalhar, mas precisamos de facto reforçar acções de assistência daquela população, porque daquilo que nós  vivemos de perto existem pessoas que precisam mesmo de apoio urgente, estamos a falar de crianças, idosos e pessoas com deficiência, mas também assistência psicossocial, porque uma parte delas vivem o drama na sua mente, e o que eu queria propor é continuarmos a partilhar informações, isso é fundamental, para que possamos ficar todos alinhados, sobretudo daquilo que são os números, as necessidades e naturalmente os desafios que o governo do distrito possa ter para continuar com a assistência, então partilha de informação é muito importante”, disse Rodrigues.

Jaime Neto, Secretário de Estado na província de Nampula, que dirigiu a reunião, disse que “vamos continuar a trabalhar, lembrando que nos deslocados temos crianças que não estão a estudar, mas também no Eráti outras crianças não estão igualmente a estudar uma vez que as suas escolas estão a servir de abrigo. Também concordamos sim vamos ter que  criar as equipas de trabalho ao nível provincial que devem apoiar os esforços que estão a ser feitos ao nível do distrito e essas equipes serão chefiados pelos directores provinciais para dar mais ênfase, e é  preciso que trabalhemos de facto com algum horizonte, apesar de estamos a dizer que eventualmente a população pode voltar, mas se calhar a situação não é melhor, então temos que estabelecer esse plano de acção como foi dito aqui para podermos ver como é que nós podemos gerir os pequenos recursos que temos, e o registo que foi feito acreditamos que foi um registo de urgência”.

Os parceiros têm noção de que não se devem medir esforços para prover assistência a estes deslocados, sobretudo porque os números tendem a subir, tal como referiu António Rafael que disse que “nós verificamos que há muita necessidade lá em Eráti, por isso já estamos a criar condições de, pelo menos, fazer latrinas e dizer que estamos dispostos para ajudar aquela população, o que precisamos é um aval do governo”. (Malito João)

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