Nampula (IKWELI) – Os recentes ataques terroristas em algumas comunidades do distrito de Memba na província de Nampula que têm estado a ceifar vidas humanas, a destruir bens e deslocamentos humanos, não caíram bem aos ouvidos dos delegados provinciais do Conselho Islâmico e Cristão, Sheikh Abdulmagid e do Arthur Armando Colher, respectivamente, e do académico Marshal Manufredo, que temem que a mesma seja traduzida como uma guerra religiosa.
Sheikh Abdulmagid António disse ao Ikweli que os valores religiosos são universais, e devem preservar a vida humana sem olhar qualquer que seja crença, sendo que não existe religião que incite violência.
“O que acontece nos vídeos que assistimos de terroristas a se identificarem como muçulmanos, são comportamentos isolados e não devem ser associados a religião, porque os princípios religiosos estão todos claros. Por isso, quero condenar essa atitude, em Moçambique não temos conflitos inter-religiosos,” referiu Abdulmagid.
No entender do Sheikh, o que acontece em Memba está longe de ser algo religioso, são comportamentos individuais e devem ser tratados como criminosos. “O povo moçambicano está atento, e não vai se distrair, portanto a religião muçulmana se distância, mesmo que eles gritem o nome de Allah porque não tem a ver com a religião, querem distrair a opinião pública,” sublinhou a fonte.
Por sua vez, Arthur Armando Colher, delegado do Conselho Cristão em Nampula asseverou que é muito triste, porque Moçambique já ultrapassou a fase de mostrar que existe uma luta entre cristãos e muçulmanos. “É com muita tristeza que estamos a acompanhar a situação e esperamos que as Forças de Defesa e Segurança consigam reestabelecer a situação de segurança daquela população. Muitos emigram para Nacala sem condições de habitação e alimentação,” referiu Colher.
O delegado, afirma ainda que a situação mina esforços que as comunidades cristãs e muçulmanas têm empreendido no sentido de erradicar o pensamento no seio das pessoas de que os actos terroristas estão associadas a religião.
Para o pesquisador Marchal Manufredo, o governo moçambicano não aprende com a História e se continuar assim a governação do Presidente da República não terá efeitos positivos. Este, entende que existe uma assimetria regional entre Nampula, Cabo-Delgado e Niassa que possibilita os terroristas terem domínio da região Norte de Moçambique.
Assim sendo, é preciso um grande esforço para erradicar o mal e “não é Ruanda que vai acabar com o terrorismo, mas sim o diálogo interno no seio do partido Frelimo, é que vai acabar com o terrorismo,” realçou o pesquisador.
A fonte, afirma ainda que neste momento a região do litoral está sob controlo dos terroristas, porque usam via marítima para fazer abastecimento do armamento tanto como alimentação. Portanto, o pesquisador recomenda que “haja um diálogo com terroristas, porque sem isso, todos esforços continuarão a resultar em fracasso,” frisou o nosso entrevistado.
O mais importante neste momento, segundo Marchal, é a união de todos, descartar todos os desentendimentos e teorias no sentido de buscar o diálogo com os terroristas. (Francisco Mário)






