Nampula (IKWELI) – Se por um lado jovens na cidade de Nampula entendem que houve um relaxamento por parte do ex-candidato presidencial, Venâncio Mondlane e por isso a acusação que pesa sobre ele é legítima, por outro entendem que não há como a figura do político ficar depreciada, mesmo com os processos que pesam sobre ele.
“Acredito que ele deu seu contributo para o despertar do povo moçambicano, mas chegou num tempo que relaxou, principalmente quando ele teve aquela sentada a portas fechadas com o presidente Daniel Chapo sem a presença do povo, nós perdemos irmãos sem justa causa, eu acho que tem uma coisa entre eles dois,” comentou Adelino Raimundo, estudante finalista do curso de Mecânica auto no Instituto Industrial e Comercial de Nampula.
Raimundo entende ainda que haja algum tipo de acordo entre Venâncio e o Presidente da República, mas que tenha terminado em traição de uma das partes. “Eu acho até que tudo foi organizado para ver o ponto fraco do Venâncio e essa acusação sobre terrorismo é propositada.”
Mas há quem pense diferente, tal como o estudante e activista social José Faustino, quem percebe que a acusação sobre Venâncio foi projectada para o desestabilizar. “Nós vimos primeiro que a acusação é incoerente, porque os factos arrolados pela procuradoria não tem uma base comprovante, é por meio apenas do vamos ver, se formos a considerar, de todas as vezes que Venâncio foi a procuradoria, não foi arrolado nenhum facto que tenha uma base legal, e recentemente ele foi acusado de terrorismo, se formos a ver ao longo da história de África, Mandela também foi acusado, ou seja, vemos que há um ciclo repetitivo, então entendo que as acusações são para que o Venâncio não participe nas próximas eleições.”
Questionado se considera que esta crise vá terminar com a hegemonia de Venâncio, o estudante, fincou que “Venâncio Mondlane não vai perder o seu lugar, pela retórica que ele traz, pelo cunho que traz, porque faz tudo com intelectualidade, mas a procuradoria não consegue dar uma justificativa do porquê que está a fazer.”
Entre os jovens de Nampula, circula um clima de decepção, tal como considera um jovem mototaxista que preferiu anonimato. “Estou decepcionado com esse assunto de política, não quero mais saber nem de Venâncio, nem de ninguém, quase perdi minha vida, me arrisquei para nada.”
A acusação em causa foi declarada na última terça-feira (22) de Julho, e pesam sobre o ex candidato presidencial 5 crimes, nomeadamente a apologia pública ao crime, incitamento à desobediência colectiva, Instigação pública a um crime, Instigação ao terrorismo e Incitamento ao terrorismo.
Tendo sido questionado à saída da procuradoria se haveria espaço para desistir da luta, Mondlane disse que “estou a prestar um serviço à pátria, ao denunciar esta fraude e o uso instrumental da justiça para fins políticos.” (Felismina Maposse)