Populares de Lalaua de costas voltadas com a mineradora Damodar Ferro Limitada

Nampula (IKWELI) – Os populares de Namarrepo 2, uma comunidade localizada na localidade de Naquessa, no posto administrativo de Meti, no distrito de Lalaua, província de Nampula, no norte de Moçambique, mostra-se revoltada com a Damodar Ferro Limitada, uma mineradora de capital indiano, que desde 2009, oficialmente, explora o minério de ferro naquela circunscrição geográfica.

O minério de magnetita de Lalaua é descrito como sendo de alto teor e densidade, com o teor de ferro acima dos 65%, com a densidade do minério que varia de 4,5 a 5,1, o que torna adequado para o mercado siderúrgico, bem como não siderúrgico.

Entretanto, a falta de observância da responsabilidade social, por parte da empresa, está na origem do desconforto da população do distrito de Lalaua, de maneira em particular na área de extracção mineira de Namarrepo 2 e comunidades circunvizinhas.

Em Namarrepo 2, a população clama pela construção de infraestruturas sociais dignas, com destaque para escolas, unidade sanitária, bem como a abertura de furos de água. Neste momento, por exemplo, apesar da exploração daquele metal, os populares de Namarrepo2 percorrem uma distância não inferior a 15 quilómetros para ter acesso a água para o consumo, embora a mesma ser imprópria.

As inquietações de Namarrepo 2 foram manifestadas por alguns representantes da população, numa carta, os quais pediram para serem identificados na condição de anonimato, devido a sua posição em alguns cargos ao nível das estruturas governamentais naquele ponto da província de Nampula.

“Desde o início das atividades, em 2003, até o presente momento, a empresa mantém suas operações diurnas e noturnas, extraindo recursos minerais sem investir na melhoria das condições de vida dos moradores da região”, começaram por dizer.

“As comunidades ao redor da mina, como Namarrepo 2, enfrentam desafios diários que revelam o descaso da empresa com o bem-estar da população. Os moradores precisam percorrer aproximadamente 15 km até a fonte mais próxima de água potável, uma água que muitas vezes coloca em risco a saúde pública devido à sua qualidade precária. Essa situação persiste há anos, sem que nenhuma iniciativa da mineradora tenha sido tomada para solucionar o problema”, prosseguiram os nossos informantes.

“Além disso, as escolas da região permanecem em condições precárias, com infraestrutura inadequada e insuficiente para atender às crianças e jovens locais. Os alunos, por exemplo, de Namarrepo 2, frequentam escolas que não receberam melhorias ou recursos adicionais da empresa durante toda a sua operação”, disseram lamentando.

Segundo reiteraram as fontes, desde que a empresa iniciou as suas atividades, nunca construiu uma escola ou uma fonte de água potável para a comunidade, sendo que o único investimento feito por aquela mineradora é na construção da estrada que liga o posto administrativo de Iapala, no distrito de Ribáuè até a comunidade de Namarrepo 2, uma via que facilita o transporte do minério.

De acordo com as fontes, os moradores de Namarrepo 2 e regiões vizinhas já tentaram dialogar com os proprietários da mina, com vista a melhoria das suas condições de vida, mas que até nos dias que correm não obtiveram satisfação.

“A população clama por uma intervenção que beneficie a comunidade, que crie condições dignas de vida e que reconheça sua contribuição para a atividade econômica da região. Os moradores exigem, pelo menos, o acesso à água potável, melhorias na educação e a construção de estradas que facilitem o transporte e o desenvolvimento local”, escreveram.

As inquietações dos populares são do domínio das autoridades do governo do distrito de Lalaua, mas ninguém tem coragem de se pronunciar a respeito, o que se presume que pode estar um “elefante moçambicano” no meio da empresa.

Uma escola primaria em Namarrepo 2

Orlando Achare Sabonete, director dos Serviços Distritais de Actividades Económica (SDAE) de Lalaua, por exemplo, não quis prestar declarações sobre esta matéria, numa recente entrevista que concedeu ao Ikwelisobre temas ligados ao sector que dirige.

“Mas eu queria…, não sei se me autoriza dispensar essa parte de responsabilidade social da empresa. Acho que pode perceber os porquês dispenso. Eu dispenso falar se a empresa Damodar Ferro está a cumprir com a sua responsabilidade social com as comunidades onde está sedeada. Então, em termos de responsabilidade social eu dispenso falar desse assunto”, disse o SDAE de Lalaua.

Na insistência, por parte da equipa do Ikweli, sobre o porquê não devia falar da actuação da empresa na componente de responsabilidade social, Share Sabonete precisou, aos risos, que “desculpas senhor jornalista, acho que somos adultos. Eu penso que pode me perceber, dispenso essa parte, para eles, como empresa, devem ter efeitos positivos com a exploração. Veja que desde 2005 que estão ali, têm feito substituições de patrões que exploram a mina, mas sempre a continuar o nome da Damodar Ferro, agora na parte dos benefícios da população aí que dispenso falar”, implorou o governante. 

Até o fecho desta matéria, o Ikweli tentou sem sucesso colher a versão da empresa Damodar Ferro Limitada. Apesar disso, as portas estão abertas para a mineradora, caso queira reagir esta informação. (Constantino Henriques)

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