Nampula (IKWELI) – A vila de Nametil, sede do distrito de Mogovolas, está, praticamente, irreconhecível desde a manha desta sexta-feira (13). Alias, ficou mesmo a sexta-feira de azar, pois, pelos ares daquela pacata vila do sul da província de Nampula, somente vê-se fumaça e mais abaixo cheiro de tudo queimando.
O facto é que a população de Nametil ainda não aceita que a cólera é uma doença provocada por práticas de higiene desapropriadas, por isso mesmo pensa que o governo está a “distribuir” o vírus/bactéria que causa a doença.
A situação de revolta popular por conta de desinformação sobre esta doença não é nova, tanto é que no passado uma outra disputa teria resultado na destruição do Centro de Tratamento de Cólera [CTC] e infra-estruturas da organização humanitária Médios Sem Fronteira.
Emanuel Impissa, administrador de Mogovolas, disse ao Ikweli, ao meio dia desta sexta-feira, que a vila está em chamas, incluindo as instalações da rádio comunitária local, recentemente inaugurada, foram reduzidas a cinza.
“A população está a vandalizar a vila e isso é por causa da desinformação sobre a cólera, alegam que os profissionais de saúde estão a distribuir”, disse, recordando que o distrito já tem óbitos por conta deste surto.
Parte dos óbitos ocorreu nas comunidades, pois a população não quis ou então demorou encaminhar os pacientes à unidade sanitária.
Sentido com a situação, o administrador explicou que “queimaram o centro de tratamento de cólera, vandalizaram posto policial que está dentro do recinto hospitalar, queimaram um bloco operatório recém-construído, vandalizaram a rádio comunitária que entrou em vigor em Outubro, queimaram a casa do chefe do posto administrativo de Nametil sede, queimaram a casa do primeiro secretário do comité distrital do partido Frelimo, tentaram, sem sucesso queimar, a casa do comandante distrital e do Procurador, foram tentar queimar os escritórios de Médico Sem Fronteira e continuam em pequenos grupos a fazer as incursões”.
Num outro desenvolvimento, Impissa anotou que a situação agravou-se pelo facto de um agente económico local ter sido assassinando por malfeitores e apoderam-se de somas monetárias não estipuladas.
“E a polícia fez-se ao terreno e conseguiu capturar um deles e está preso e a família desse malgrado foi a polícia porque queria que o indiciado saísse da esquadra para eles, também, li assassinar”, referiu a nossa fonte, que garante que a polícia está a trabalhar para repor a ordem e tranquilidades públicas. (Malito João)