Nampula (IKWELI) – O país vive momentos conturbados nos últimos tempos devido a onda de manifestações que são levadas a cabo por membros e simpatizantes do partido PODEMOS, a mando do seu candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reivindica vitória das eleições de 09 de Outubro passado. Por conta disso, várias instituições púbicas e privadas estão a ser obrigadas a paralisar suas actividades, e o sector de educação é um deles.
Por isso, a nível da província de Nampula, a Direcção Provincial da Educação mostra a sua preocupação, visto que o mesmo tem vindo a impactar negativamente no sistema de ensino e aprendizagem dos alunos.
O porta-voz da instituição, Faruk Carimo, pede a todos os actores envolvidos nas manifestações a respeitar e priorizar a educação, assim como que haja maior tolerância durante o período das avaliações finais para que possam seguir com as actividades sem interferência. “Neste momento, eu apelo aos pais e encarregados de educação, aos manifestantes e aos partidos políticos para que parem e repensem um bocado. Nós temos crianças que, também, são filhos deles, não são filhos de outros moçambicanos, são nossos do Rovuma ao Maputo e eles precisam ser avaliados e quando nós incitamos essa violência, esquecemos que temos crianças por serem formadas, nós encorajamos ao povo em geral que repense, deixe que a educação faça o seu serviço que é educar essas crianças”.
Apesar de entender que os pais e encarregados de educação temem pela vida dos filhos, exorta-os a levá-los a escola, sobretudo nesta semana de 04 a 08 de Novembro, que é considerada decisiva por conta do arranque das provas finais. “Nós encorajamos aos pais e encarregados a encaminhar seus filhos a escola para realizar as avaliações finais, estaremos lá a espera, este é um período de avaliação, nós precisamos avaliar e examinar esses alunos”.
Aos alunos que não poderem se fazer as escolas para realizar os testes finais mesmo por conta das manifestações, o sector garante que os mesmos serão avaliados. “Está tudo a postos, vamos dar o nosso máximo para cobrir o maior número de alunos, e aos que por algum motivo não puderem vir neste período de testes normais, também vamos criar estratégias de avaliá-los porque educação é para todos e ninguém deve ficar para trás”.
Por outro lado, o porta-voz avançou, igualmente, que uma das estratégias que será levada a cabo propõe-se capacitar os professores, sobretudo os das classes com exames que terão de se reinventar, de modo a compensar as aulas perdidas por conta das manifestações. “As matrizes dos exames já saíram, as matérias ainda estão em andamento e os alunos estão a perder aulas, esta é a terceira semana, é um período muito longo, teremos de nos reinventar de modo a fazer essas compensações porque o aluno tem de ir à sala de exame preparado, ou seja, é um desafio que o sector tem a nível nacional não é só provincial, mas nós como direcção provincial estamos agora a procurar soluções mais viáveis e mais rápidas, dai vamos traçar estratégias para podermos trabalhar”.
Carimo mostrou satisfação pelo facto de o sector não ter registado casos de vandalismos de escolas, quer públicas quer privadas e salientou que não há registo de alunos que tenham sido vítimas de baleamento.
Enquanto isso, uma equipa do Ikweli deslocou-se a algumas escolas na cidade de Nampula para perceber como está a aderência dos alunos no primeiro de dia da realização das provas finais, que decorrem num contexto de manifestações que já geraram muitas mortes a nível do país e da província em particular.
O Ikweli constatou que as escolas secundárias de Napipine, Nampula e primária do Parque Popular apresentaram uma participação massiva de alunos que desejavam realizar provas finais, apesar das ameaças de manifestações, seguindo assim o apelo da direcção provincial da Educação.
Ali Amisse, aluno da escola secundária de Nampula, lamentou o facto de alguns professores terem faltado num dia tão importante quanto este. “Houve muita participação dos alunos, mas alguns professores não se fizeram presentes e não sabemos o real motivo disso”, disse.
António Selemane, também aluno da escola secundária de Nampula, contou que veio a escola por insistência. “Se vim a escola foi por minha resistência, porque se dependesse dos meus pais eu não estaria aqui”, precisou, acrescentando que “outros como eu foram proibidos com os seus encarregados de educação, mas por persistência estamos aqui a arriscar para nosso futuro, porque se alguém falta o prejuízo será dele”.
Emily Costa, aluna da escola secundária de Napipine, relatou que mesmo que haja muita participação nas escolas, o medo e desconforto é visível. “Até então está tudo normal, apesar de alguns alunos estarem assustados e com medo, e qualquer barrulho assusta os colegas, principalmente na minha turma”.
Para Ezequiel, o movimento foi surpreendente. “Eu saí de casa porque vi que muitas pessoas estavam a passar para a escola, aquilo me motivou e fui a escola, e quando cheguei, encontrei muito movimento, o que me agradou”. (Ângela da Fonseca e Ruth Lemax)
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