Nampula (IKWELI) – O povoado de Nathuko, no posto administrativo de Tchaiane, distrito de Rapale, em Nampula, enfrenta uma grave crise de água potável que tem colocado em risco a vida dos moradores. Sem fontenários públicos, nem furos de abastecimento, a população depende exclusivamente do rio Monapo para o acesso, consumo e actividades domésticas que requerem o uso do precioso líquido.
Essa realidade tem custado vidas. Nos últimos meses, mais de dez pessoas foram atacadas e mortas por crocodilos que habitam no rio. O medo e a dor tornaram-se constantes entre as famílias, que se veem obrigadas a escolher entre a sobrevivência e a segurança.
Para a comunidade, o problema não se resume apenas ao perigo dos répteis, mas sobretudo à ausência de uma solução estrutural para o acesso à água potável. Os populares pedem às autoridades uma intervenção urgente, a fim de travar a perda de mais vidas e devolver a esperança a Nathuko.
Dino Rosário, residente naquele bairro, considera a situação extremamente preocupante e pede uma solução imediata. “Nós passamos muito mal com essa questão dos crocodilos aqui em Nathuko, as nossas mulheres têm medo de ir buscar água ao rio porque, com frequência, ouvimos casos de ataques mortais. Fazendo as contas das pessoas que vimos morrer, passam de dez. Por isso, uma intervenção urgente seria muito importante para nós.”
Já Marília Carlos afirma não guardar boas lembranças das tragédias, pois perdeu pessoas conhecidas para os perigosos animais. “No tempo chuvoso a situação piora. Muitas vezes não conseguimos atravessar para a outra margem onde estão as nossas machambas por causa dos crocodilos, já vivi de perto casos de pessoas que morreram desta forma, e dias depois só foram encontrados pedaços dos corpos.”
A comunidade de Nathuko continua à espera de respostas concretas. Enquanto não houver investimentos em sistemas de abastecimento de água potável, o rio Monapo permanecerá como a única alternativa, mesmo que isso signifique colocar vidas em risco. Para os moradores, a cada dia que passa sem solução é mais uma prova de abandono e um apelo silencioso às autoridades para que transformem a dor em esperança. (Malito João)