Mutuali: Antigos naparamas pedem apoio para projectos de desenvolvimento

Nampula (IKWELI) – Passados mais de quatro meses desde que um grupo de Naparamas entregou-se as autoridades governamentais na sede do posto administrativo de Mutuali, no distrito de Malema, província de Nampula, eis que estes aparecem a reclamar a falta de canalização do apoio humanitário que haviam pedido aquando da sua rendição. 

As reclamações foram expostas ao director provincial de Agricultura e Pescas, Manuel Chicamisse, e ao administrador do distrito, Bernardino Paulo Campira, no último dia 8 de agosto corrente.

Jerónimo Cadre, ex-namparama e natural de Mutuali, é um dos que não deixou escapar a oportunidade de expor o que lhe vinha a alma. “Na minha vida sou um agricultor, fiz a 12ª classe, conclui e tenho a carta de condução. O que eu estou a desejar na minha vida, pelo menos, para ser alguém, primeiro gostaria que fizesse um curso ou uma formação na área da agricultura e, segundo, gostaria que aqui Mutuali, tivéssemos projectos, sobretudo aviários, pelo menos três ou quatro projectos. Essa é a expectativa que tenho e que estou a sonhar para o futuro.”

Para Emílio Alberto, também natural de Mutuali, a expectativa passa por investir em actividades técnicas que não só gerem rendimento, mas também criem espaço para que jovens e outros membros da comunidade possam aprender e trabalhar fortalecendo o tecido económico local.

“Eu sou serralheiro mecânico e tenho muitos anos de trabalho. Instrui dois filhos, mas estou a ver que minhas máquinas estão a ir embora. Precisava de alguns jovens da minha família para, quando eu morrer, ficarem a continuar com o serviço. Peço ao governo ajuda com dinheiro para poder ir à cidade comprar as máquinas que podem servir para mim. Se não, se eu pedir as máquinas, há de vir uma máquina que não servirá para a minha oficina.”

Para Jeremias Bernardo, a aposta deve ser no sector agrícola, como motor de geração de emprego. “Eu gostaria que o governo criasse oportunidades de emprego na área da agricultura, através de desenvolvimento de projectos, para que eu e os demais residentes de Mutuali possamos lá trabalhar.” 

Ismael Adriano, agricultor com cerca de quatro hectares de terra, apresentou a dificuldade de explorar plenamente os seus campos de cultivo e, por isso, o seu pedido inclina-se no financiamento para aquisição de equipamentos adequados para a exploração plena das terras sobre a propriedade.

“Eu sou um camponês e tenho cerca de 4 hectares. Mas não consigo capinar bem porque não tenho possibilidade, para acabar 4 hectares, eu com minha esposa não consigo. É preciso ter um valor para estar a trabalhar cultivando soja, feijão bóer, então estou a pedir apoio ao governo, mesmo me ajudando pouco, para eu conseguir trabalhar mesmo na machamba.”

Em relação às reclamações, o director provincial da Agricultura e Pescas e o administrador de Malema esclareceram que o assunto já está acautelado e que o espaço criado era mesmo para auscultar as necessidades daquele grupo. 

Recorde-se que antes de se entregarem as autoridades governamentais, o grupo em causa terá sido acusado de destruir diversas infraestruturas, dentre elas públicas e privadas. (Isidora Fernando)

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