Nampula (IKWELI) – Uma jovem de 22 anos de idade, residente na zona residencial de Condomínio Mercado, unidade comunal de Mutava Rex, em Nampula, tomou a decisão de remover o implante, um método contraceptivo que estava inserido na parte interna do braço sob a pele, tendo resultado em um ferimento grave e que até o momento não mostra sinais de melhoria.
Para a jovem Atia José, nome fictício, a decisão foi tomada como forma de provar o amor que sente pelo parceiro de nacionalidade estrangeira que, não obstante o pouco tempo em que se conheciam, prometeu levá-la ao altar.
“Para encontrar esse meu estrangeiro não foi fácil, todas pessoas queriam ele, e entre todas eu fui escolhida, então foi uma forma que eu vi de lhe agarrar.”
Com apenas 22 anos de idade, a jovem entende que com o casamento conseguiria ultrapassar as dificuldades que passa com a filha menor. “Nunca vivi maritalmente, tenho uma filha de 5 anos, casando é uma forma de sair da fossa, eu amo muito ele e farei de tudo para ficar com ele,” contou.
Ainda em entrevista com o Ikweli, a jovem Atia explicou o processo que usou até retirar o anticonceptivo do seu organismo. “Ele queria tanto um filho, então eu tirei, doe tanto, primeiro amarrei meu braço com corda e de seguida cortei a parte onde tinha o implante com lâmina, já está a curar assim.”
Conta também que foi a unidade sanitária pra fazer a remoção do método, mas a resposta das enfermeiras foi negativa, sendo esta uma das motivações para fazer a auto remoção do contraceptivo.
Entretanto, outras mulheres que decidiram comentar sobre a decisão da Atia, condenam-na, mas revelam efeitos colaterais após usar métodos.
Rita Joaquim António, mãe de 2 filhos, residente no bairro de Murrapaniua 1, explica que sempre que toma a injeção, chega a ficar 6 a 8 meses sem ver o seu período menstrual. “Quando pico a injeção de sayana, chega 6 ou até mesmo 8 meses sem ficar de período menstrual e só volto a ficar depois de abandonar o método e usar outro tipo, como por exemplo injeção depo provera, até tentei usar pílulas microgenol e não me caíram bem, tinha enjoo e tonturas.”
“Para mim, esta nossa irmã não agiu bem, porque poderia ter morrido por causa de tirar o implante sozinha, mas epah, fazer o quê?” disse ainda a entrevistada.
Outra mulher entende que a acção de Atia, coloca em risco sua própria saúde “Não é assim como são feitas as coisas, acho que ela poderia ter outras doenças por causa daquilo.”
“As enfermeiras agiram de má fé,” Fátima Cássimo.
A enfermeira de Saúde Materno Infantil, Fátima Cássimo, do centro de saúde 25 de Setembro, na cidade de Nampula, entende que o caso da jovem Atia é atípico e que as colegas agiram de má fé.
“Nós colocamos no braço, normalmente o implante para tirar, os enfermeiros têm uma pinça, precisamos fazer uma pequena cirurgia e usamos anestesia para ela não sentir dor, fazemos aquela pequena incisão, temos pinças apropriadas, agora, se ela tirou o implante sozinha, eu posso crer que ela tirou, por exemplo colocou hoje e amanhã tirou, porque no momento daquela pequena cirurgia, fica uma ferida pequena lá, e quando a mulher faz a colocação do implante, aconselhamos a não fazer trabalhos pesados.”
“Quando uma mulher precisa retirar o implante antes do período definido, os profissionais de saúde devem aceitar retirar o método, temos inclusive um livro que nos explica as motivações que levam cada mulher a tirar o método, mas não podemos impedir que a mulher o retire, então entendo que as enfermeiras tenham agido de má fé,” disse ainda a técnica de Saúde Materno Infantil que se encontra na actividade há mais de 10 anos. (Felismina Maposse e Atija Chá)
