Nampula (IKWELI) – A directora distrital de saúde, Mulher, e Acção social de Mossuril, na província de Nampula, norte de Moçambique, Lalida Alide, revelou que a meta de aderência aos serviços pré-natais a nível daquele distrito costeiro foi superada em 100% durante os anos 2024 e 2025, situação que representa uma boa nova, pois poderá ajudar para a redução dos ainda considerados altos níveis de desnutrição crônica em crianças na província.
“Quanto a aderência as consultas pré-natais, estamos acima de 100%. Durante os primeiros 5 meses deste ano tivemos 10 223 consultas pré-natais, contra 10 140 de 2024, superando a meta de 5 451 para os dois anos.”
Aquela responsável esclareceu também que à medida que a mulher participa nas consultas pré-natais, o risco da sua criança nascer com desnutrição crónica, e outros desafios ligados a saúde é menor. “A vantagem que a mulher tem quando faz a consulta pré-natal é o facto de conhecer o estado nutricional da criança que carrega, prevenir-se da malária, seu estado serológico, e a explicação de algumas medidas a tomar para prevenir o seu bebê de diversos males.”
Questionada sobre os índices de desnutrição crónica e aguda a nível do distrito, a responsável declarou, “usamos os mesmos indicadores que os da província, e neste momento estamos com 46.7, quanto a desnutrição aguda, que é uma desnutrição temporária, estamos no 4.1,” disse acrescentando que entre as estratégias para combater a desnutrição a nível daquela circunscrição constam “Demonstrações culinárias nas unidades sanitárias e comunidades, sítios de nutrição, isso ajuda-nos muito, cada activista trabalha com 20 mulheres, mulheres grávidas, e crianças dos 0 aos 5 anos, temos brigadas, fazemos o rastreio, porque quando detectamos muito cedo, começamos de imediato com o tratamento.”
Mães entendem ser importante o uso de demonstrações culinárias no combate a desnutrição
Amina Samuel, de 35 anos de idade, mãe de 4 filhos, residente em Mossuril, contou que graças as dicas de nutrição, sua filha de 2 anos de idade já apresenta melhorias. “minha filha desde os seus 2 anos negava-se a comer, eu pensava que era por causa de dentição ou malária, mas cada vez mais a situação piorava, ela só queria saber de seca, quando levei ao hospital fui informada que a criança tinha problemas de falta alimentação e deram papinha de amendoim, mas passados alguns dias, a criança não aceitava nem sequer as coisas que tinha me dado no hospital, mas graças a Deus, passou uma brigada que ensinava como cozinhar, muitas mães foram pra lá para aprender algumas coisas, inclusive eu também fui e aprendi a usar amendoim, a juntar farinha celeste com amendoim, mesmo feijão cute me ensinaram que é possível adicionar amendoim. Fica muito bom, mesmo essa minha filha que não queria comer já come, hoje ela tem 3 anos, já está a ganhar um bom corpo.”
Fátima Salimo de 22 anos de idade é outra mãe, mas diferente de Amina, não teve os mesmos resultados, porque não pôde participar da capacitação porque o seu bairro não havia sido contemplado, por isso pede ao governo que “pelo menos de 3 em 3 meses tivéssemos uma formação como aquela que fazem nos outros bairros, porque assim as nossas crianças ficam doentes, ficam magras e quando adoecem como aqui é distante do hospital as vezes recorremos a raízes ou matronas trazem uns pauzinhos, e muitas vezes não tem nada a ver com aquela doença.”
“meu marido saiu de casa quando eu estava grávida de 2 meses, do meu segundo filho, para dar de comer aos meu filhos, eu faço uma ginástica, tenho que ir a machamba, tirar epuir (ervilha) ou alface para poder ir vender no bairro, e muitas vezes não costuma ter tempo de cozinhar, as vezes levo as crianças lá na estrada compro maheu ou bolinhos para não ficarem com fome, tem dias que volto dos meus negócios as 13 ou 14 horas, chego a casa, fervo mandioca e amendoim torrado ou as vezes molho de tomate com quiabo e dormimos assim, a vida anda,” contou também Lúcia Raimundo de 23 anos de idade e residente em Nhamatinte. (Atija Chá e Felismina Maposse)
