Nampula (IKWELI) – Quatro dezenas de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) está, desde as primeiras horas desta segunda-feira (21), a beneficiar de uma formação sobre violência baseada no gênero (VBG), cujo objectivo é unir estratégias para a redução dos casos cada vez mais crescentes da prática em diferentes pontos do país.
Segundo a chefe do departamento de Atendimento a Família e Menores Vítimas de Violência, do comando geral da PRM, Mariza Timóteo Nhacuongue, a capacitação está a beneficiar 40 agentes.
“Estamos aqui para formar agentes da Polícia da República de Moçambique, como chefes de secção distritais e das esquadras com cerca de 40 formandos. Estamos também com parceiros de coordenação de grupo sectorial como saúde, IPAJ [Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica], procuradoria e outros, porque a situação de violência continua a nos preocupar, sendo que a realidade que temos para este ano, neste caso no primeiro trimestre registamos 9 089 casos, contra 9 250 quando comparado no mesmo período do ano passado, e tivemos uma redução de 161 casos correspondente a 17%, mas esta redução não nos deixa confortáveis, sabemos e estamos cientes que a violência ocorre nas famílias, e há uma necessidade das famílias denunciarem e aproximarem aos nossos serviços.”
Mesmo sem avançar dados, Nhacuongue revela que as províncias de Nampula, Maputo e Sofala são as que registram mais casos. “Só em termos de categoria, nós temos cerca de 61.9% mulheres vítimas de violência, então preocupa-nos esta questão de ainda ter maior número de percentagem de vítimas de violência. A violência física que resulta em morte, incluindo crianças que foram encontradas mortas com sinais de agressão.”
A responsável chamou, igualmente, os pais e encarregados de educação a denunciarem casos de violação sexual contra menores. “Queremos responsabilizar as famílias a reportarem casos de violência, porque a mesma traz consequências drásticas, porque muitas das vezes são cúmplices dessas situações, porque encobrem os parceiros, uma vez que as crianças são violadas por padrastos, mas a mãe não olha aquela vulnerabilidade, mas olha para o lar.”
Por outro lado, Óscar João Tido, psicólogo educativo, na direcção provincial do Género, Criança e Acção Social, em Nampula, explicou que foram criados mecanismos multissectoriais através do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Policia da República de Moçambique (PRM), Instituto do Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ) e a Procuradoria, incluindo instituições, com vista a combater casos recorrentes de violência em mulheres, crianças e garantir apoio psicossocial, jurídico e social. (Virgínia Emília)
