Nampula (IKWELI) – A AIDS Healthcare Foundation (AHF) Moçambique, através da sua iniciativa Girls Action (GA), recomenda ao sector de educação a inclusão da temática relacionada com a gestão da higiene menstrual na disciplina de Ciências Naturais, com vista a incluir os rapazes na conversa, para que estes, por sua vez, apoiem as raparigas e sejam detentores de boas práticas na comunidade.
A posição foi manifestada, recentemente, durante um Webinar sobre Lacunas Sociais que contribuem para o fraco no acesso aos produtos menstruais pelas raparigas.
De acordo com a AHF Moçambique, a sugestão surge por conta do preconceito e bullying que muitas vezes a rapariga tem passado no recinto escolar quando está no seu ciclo no seu menstrual. Por outro lado, sugere ainda que “as mães devem conversar com as filhas sobre a menstruação antes das raparigas iniciarem a menarca, pois esta acção ajuda as raparigas a se prepararem e sentirem-se seguras quando a menarca inicia e melhora a comunicação entre mãe e filha”.
No entanto, levanta-se ainda os desafios enfrentados pelas raparigas relacionados com a pobreza menstrual que contribui, igualmente, para que muitas delas envolvam-se em relações sexuais intergeracionais e transacionais.
“As condições financeiras dos pais e encarregados de educação afectam directamente a elas. E isso faz com que muitas delas envolvam-se em relações sexuais intergeracionais e transacionais”, disse Akhopela Armando, representante da GA.
Uma situação apoiada pela Ponto Focal da iniciativa GA, Karina Dulobo, tendo acrescentado que a falta de acesso a pensos higiénicos, obriga muitas raparigas e mulheres jovens a faltar à escola.
“Aumentando a probabilidade de abandono escolar. Isto conduz frequentemente a um aumento do sexo transacional ou transgeracional. limitando a sua capacidade de negociar sexo seguro e aumentando o risco de contrair o HIV”.
Em resposta a essa componente, a AHF através da gestora de prevenção, Elsa Mutemba, mencionou algumas actividades que tem levado a cabo para apoiar raparigas em situação de vulnerabilidade com vista a combater a pobreza menstrual, através da combinação entre a distribuição de produtos de higiene, educação e advocacia.
“Em relação a distribuição de produtos menstruais a AHF trabalha para garantir que meninas e mulheres tenham acesso a absorventes descartáveis e reutilizáveis, especialmente em comunidades vulneráveis. A AHF tem trabalhado igualmente com os governos para que invistam na distribuição gratuita de pensos e na inclusão da educação menstrual nas políticas públicas, e minimizem o impacto económico das famílias para a aquisição de produtos de higiene menstrual”. (Ângela da Fonseca)