Profissionais de saúde do HCN acusados de vender medicamentos 

Nampula (IKWELI) – Alguns utentes internados no Hospital Central de Nampula (HCN), maior unidade sanitária da região norte do país, manifestaram preocupação face a fraca disponibilidade de medicamentos naquela unidade de saúde, e acusam enfermeiros de desviar fármacos para depois vender ilegalmente aos doentes.

A situação não é recente, e tem estado a criar diversos constrangimentos para os doentes, fazendo com que alguns optem por outros centros ou simplesmente submetam-se aos pagamentos ilícitos para não ver seus familiares a convalescer. 

“Meu filho teve febre, levei para o Hospital Central de Nampula, fez análise, não acusou malária, voltamos para casa. Depois a situação começou a piorar, tive que levá-lo novamente ao hospital, fez análises novamente e acusou malária, desconfiaram que fosse febre tifóide, então o médico colocou uma proposta para começar com a medicação, mas alegou que o hospital não tinha o medicamento”.

“Como queria ver bem o meu filho, pedi que me dessem a receita para ir comprar nas farmácias privadas, mas ele disse que tinha um enfermeiro que tinha as ampolas e era para comprar cerca de 14 e cada custava 500,00Mt (quinhentos) meticais. A medicação tinha que administrar de manhã e de tarde, e com a mão-de-obra tive que pagar 1000,00Mt (mil meticais).”

Apesar de ter pago, a fonte lamentou a situação. “O médico disse que a medicação que eles têm não é para qualquer paciente, mas para os pacientes que estão internados, e na farmácia não seria possível conseguir. O meu marido pagou a medicação, mas é muito triste, imagina as pessoas que não têm condição de pagar esse valor”!

A situação é partilhada por outros utentes que, por temerem represálias, preferiram não gravar entrevista e uma delas relata que sua irmã mais velha, que encontrava-se internada naquela unidade hospitalar, foi obrigada a pagar um valor de 15.000,00Mt (quinze mil meticais) para que a mesma fosse operada. Após entregar o valor, a fonte conta que os enfermeiros não cumpriram com a palavra, levando a doente à morte. 

Mesmo com evidências das transferências feitas, inclusive mensagens trocadas com os corrompidos, as nossas fontes temeram alguma represália no futuro, por isso recusaram-se a fazer alguma partilha, mas apelam que as cobranças parem porque estão a prejudicar muitos utentes. 

Falando em reação às denúncias, a delegada provincial da Ordem dos Enfermeiros, em Nampula, Nucha Fonseca, confirmou a situação, explicando que “os constrangimentos são vários, temos desde condições de trabalho e materiais. O comportamento de desvio de medicamentos acredito que o enfermeiro não manipula medicamentos farmacêuticos a não ser que são disponibilizados por outras classes.”

O Ikweli entrou em contacto com a direcção do Hospital Central de Nampula para obter reacções sobre o assunto em questão ao que esta distanciou-se totalmente, apelando aos utentes para que denunciem cenários do gênero. (Virgínia Emília)

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