“Lamúrias para o meu amor” desperta consciência de combate a violência contra a mulher em Nampula

Nampula (IKWELI) – A cidade de Nampula acolheu, na noite de quarta-feira (21), o lançamento da obra literária “Lamúrias para o Meu Amor”, da autoria de Liodêngua. Trata-se de uma obra com 48 páginas e 22 poemas, que relatam histórias de mulheres vítimas de Violência Baseada no Género (VBG), tendo como objectivo consciencializar os agressores, oferecendo ensinamentos sobre como resolver conflitos conjugais sem recorrer à violência no seio familiar e comunitário.

Durante o lançamento, Liodêngua explicou que decidiu abordar a temática por ter presenciado diversos casos de mulheres brutalmente agredidas pelos seus companheiros ou familiares, muitas vezes sem qualquer apoio, mesmo em situações de desespero e pedidos de socorro visíveis.

“É um livro que traz diversas histórias relacionadas à violência doméstica contra mulheres. A ideia é, sobretudo, desconstruir essa mentalidade de que, para resolver um problema, o homem precisa agredir. Mesmo quando se trata de alguém do mesmo agregado familiar. Os poemas retratam a vivência real da nossa sociedade. Por vezes, os homens demonstram a sua ‘masculinidade’ através da força física, quando na verdade o verdadeiro poder está na capacidade de gerir emoções e conflitos com respeito,” explicou o autor.

Virgílio Liodêngua destacou ainda que as cidades de Nampula, Beira e Nacala figuram entre as mais preocupantes em termos de índices de violência doméstica contra mulheres.

“Na manhã da última terça-feira (20), por exemplo, na cidade da Beira, foi encontrado o corpo de uma jovem assassinada por alguém que acredita ter domínio sobre a vida das mulheres. Precisamos de mais iniciativas como esta, que ajudam a sensibilizar e educar. Este é um problema global e actual.”

O autor acredita que os ensinamentos do livro Lamúrias para o Meu Amor podem influenciar positivamente o comportamento dos leitores, principalmente daqueles com histórico de violência. “Esperamos sim, que a obra contribua para mudar a mentalidade do leitor, sobretudo dos homens. A mudança comportamental pode acontecer de várias formas: através da arte, do diálogo e da intervenção das autoridades. O livro é uma ferramenta de combate à violência doméstica,” reforçou Liodêngua.

Alguns participantes do evento, também, enfatizaram que o livro convoca as mulheres a agir contra todos os tipos de violência. “A violência física, sexual e psicológica contra a mulher é uma realidade nas nossas comunidades. O livro é um apelo directo às mulheres para que façam alguma coisa. Em Nampula, por exemplo, este problema é constante, porque ainda existem mitos de que a mulher não tem futuro, não trabalha, não estudou… e até interpretações religiosas deturpadas que alimentam essa mentalidade retrógrada,” comentou Rosária Vilanculos. (Virgínia Emília)

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