Nampula (IKWELI) – A MIRUKU COOP e a Universidade Rovuma (UniRovuma) reuniram, na cidade de Nampula no último fim-de-semana, mais de 30 expositores de diversos distritos da província de Nampula, incluindo representantes da vizinha província do Niassa.
O evento fez parte da Feira de Empreendedorismo e Empoderamento Juvenil, que ocorreu com o objectivo de criar um ambiente de negócios saudável e inclusivo para a juventude.
Segundo alguns jovens empreendedores, o evento foi além da simples venda de produtos, foi também um espaço para a troca de experiências e aprendizagem.
Eles destacam que os jovens ainda enfrentam muitas limitações no acesso à oportunidades para o desenvolvimento de negócios.
De acordo com Justino Luís, jovem empreendedor e colaborador da UniRovuma, o evento mostrou muitas oportunidades.
“Este espaço da feira de empreendedorismo é uma oportunidade para os jovens mostrarem os seus serviços e revelarem à sociedade os seus potenciais. A feira é inclusiva e abrange diversas áreas, como agricultura, bebidas e outros serviços. A essência do evento é criar um ambiente propício ao empreendedorismo, que contribua para o fortalecimento da economia, promovendo oportunidades que agregam valor.”
Este acrescentou que as palestras foram, também, produtivas, pois “abriram a mente dos jovens e mostraram que é possível alcançar o empoderamento. Entendemos o empoderamento como a capacidade de o jovem reconhecer o seu potencial e mostrar ao mundo que tem voz.”
Justino, também, destaca os desafios enfrentados pela juventude, em parte devido ao elevado índice de pobreza em algumas partes do país. “Há muitas limitações para os jovens no empreendedorismo, por causa da realidade do nosso país. Vivemos num país pobre, onde as pessoas muitas vezes não conseguem enxergar as oportunidades. A adesão ao empoderamento juvenil ainda é fraca, por isso estamos a realizar estas feiras.”
Germano António, comerciante de insumos agrícolas do distrito de Ribáuè, partilhou a sua satisfação por participar na feira. Ele comercializa produtos como amendoim, milho (amarelo e branco), feijão manteiga e gergelim. Germano apela à juventude para que se envolva em eventos semelhantes, onde possam divulgar seus produtos e serviços.
“Estamos aqui a expor os nossos produtos. Temos amendoim, milho gema e o milho mais procurado, que só conseguimos através do IIAM. Temos também feijão vulgar, uma das boas variedades. A nossa empresa é focada na produção de sementes resilientes ao clima, e gostaríamos de expandi-la para outros distritos de Nampula e até fora da província.”
Osvaldo Agostinho, gestor do projeto da MIRUKU COOP, explica que a estratégia do parceiro AGRA é voltada para os jovens e “uma das principais actividades do projeto é justamente empoderar a juventude, oferecendo oportunidades de inserção ao longo da cadeia de valor”.
“Quando falamos de cadeias de valor, referimo-nos especialmente às cadeias do milho e da soja. A ideia do evento é conscientizar os jovens sobre as oportunidades existentes nesse setor. Ainda existe a percepção de que a agricultura é apenas para pessoas mais velhas ou do meio rural. Queremos mudar essa visão,” explicou.
Para aquele gestor, “a agricultura não se resume ao cultivo da terra. Há oportunidades em toda a cadeia, desde os insumos, passando pela produção, até o pós-colheita. Nosso objetivo é conectar os jovens e despertar esse interesse. Nem todas as empresas aqui presentes estão focadas unicamente na agricultura, mas a maioria delas está ligada ao agronegócio.”
Caldeus Gregório, chefe do departamento de Cultura e Eventos da UniRovuma, vê a iniciativa como uma oportunidade, tanto para pequenas quanto para grandes empresas
“Todas as empresas podem interagir e partilhar um pouco do que têm. Inicialmente, queríamos convidar todos os distritos, mas a situação actual do país não nos permitiu. Por enquanto, temos aqui representantes de alguns distritos de Nampula e um do Niassa. Vejo o evento de forma positiva, pois é uma alegria reunir tantos jovens empreendedores. Temos aqui serviços de gastronomia, agronegócio, entre outros.” (Hermínio Raja)
