Nampula (IKWELI) – Jovens que dedicam-se a extracção e venda de pedra de construção civil, na pedreira artesanal de Muhala expansão, na cidade de Nampula, denunciam com preocupação a falta de associativismo que faz com que os clientes estipulem os próprios preços de compra, o que concorre para a não valorização da actividade.
A actividade de extracção de pedra de construção na cidade de Nampula envolve mulheres, jovens e ate crianças, os quais de baixo de sol ou chuva entregam-se ao seu ganha pão.
“A minha vida é extrair e vender pedra. Os clientes que usam camionetas para o transporte da mesma pedra não nos valorizam, impõem regras e estipulam valor de compra como acharem melhor, aliás, não procuram ouvir a nossa posição e muito menos o sofrimento que passamos,” disse o jovem Dionísio Martins, artesão de pedra de construção há 11 anos, no bairro de Muhala Expansão.
Dionísio Martins contou ao Ikweli que mesmo perante os desafios enfrentados, a actividade que exerce tem contribuído por forma a suprir as necessidades básicas sobretudo o sustento familiar.
“O preço normal de venda de pedra de construção é de 1.500,00Mt (mil e quinhentos meticais), mas a nossa realidade é outra, vendemos 600,00Mt (seiscentos meticais) a 900,00Mt (novecentos meticais) cada carga de pedra de construção, o que não traz lucro nenhum, ao iniciar esta actividade a intenção era conseguir alimentação, garantir escolaridade dos meus filhos e outras preocupações familiares o que tem sido difícil concretizar”.
Na sua abordagem, Martins reconhece que o processo de extracção e venda de pedra de construção civil não é um trabalho fácil, acarreta riscos, também exige a compra da lenha para queimar sobre a rosa que facilita o processo.
“Somos obrigados a comprar uma grande quantidade de lenha no valor de 2.000,00Mt (dois mil meticais) e, por vezes, gastamos mais, porem no final não recebemos a recompensa por parte dos clientes que não valorizam o nosso trabalho”.
A dona Guida Francisco de 34 anos e mãe de 3 filhos, residente no bairro de Namutequeliua, afirmou ao Ikweli que se dedica actividade de extracção e venda de pedra para vencer o preconceito e atingir a independência financeira, para além de permitir o sustento da sua família.
“O nosso esforço não é valorizado, passamos três ou mais dias para partir pedras e apenas conseguimos 300,00Mt (trezentos meticais) para levar a casa, acontece que nos compramos por 500,00Mt (quinhentos meticais) um espaço já fertilizado e para de seguida transformar em brita e vendemos 800,00Mt (oitocentos meticais), o que não ajuda”.
Entretanto, Guida Francisco explicou que “por várias vezes abandonei a actividade de extracção de pedra por preconceito e, acima de tudo, não valorização da actividade, mas as condições de vida obrigaram-me a regressar a actividade, mas agora os meus filhos estudam, tenho a minha casa e porque o meu parceiro é desempregado”.
Outra fonte é Abacar José, que explicou que além da falta de cooperativismo e material de meio de protecção, constitui enorme preocupação e exige a quem de direito a inervação para melhoria.
“Nós passamos mal e mais para quem nos vê é tudo fácil, muitas vezes estamos debaixo de sol e para no final receber 300,00Mt e até menos que isso, o governo deve procurar mecanismos para conseguir colmatar este mal que tanto preocupa-nos,” concluiu a fonte. (Nelsa Momade)
